Para
a sociedade brasileira, o cuidado das crianças enquanto os pais estão no
trabalho é uma responsabilidade que precisa ser dividida entre o Estado (42%) e
a família (47%). Um estudo feito pelo Instituto Patrícia Galvão, divulgado dia
1º, avalia como a população brasileira percebe a importância das creches e a
qualidade desses serviços.
Agência
Brasil
Em
janeiro e fevereiro, mil pessoas com mais de 16 anos foram entrevistadas em 70
municípios do país. Na Região Sudeste, a maioria do entrevistados (57%)
acredita que a responsabilidade pelo cuidado das crianças enquanto os pais
estão no trabalho é de órgãos públicos. Nas regiões Sul e Nordeste, a maior
parte considera a responsabilidade uma atribuição das mães ou da família, com
69% e 62%, respectivamente.
A
classe média ascendente, a chamada classe C, também responsabiliza mais o
Estado do que a família pelo cuidado da criança, sobretudo as prefeituras. De
acordo com o estudo, trata-se da principal classe usuária dos serviços das
creches e, portanto, a que mais depende desse atendimento.
De
acordo com a pedagoga e pesquisadora da Fundação Carlos Chagas Maria Campos,
para as crianças menores de 3 anos existe o direito do atendimento em creche,
mas isso não é uma obrigação nem da família nem do Estado. “A gente sabe que,
dos quase 6 mil municípios brasileiros, uma porcentagem alta não tem condições
de responder a esse atendimento, pois não tem equipe, estrutura ou recursos”.
A
pesquisa também aponta que 32% das mulheres com crianças em casa,
independentemente da classe social, apontam o número de vagas como o fator mais
importante, seguido de horário de funcionamento (25%) e localização (21%).
Quanto
à avaliação dos serviços das creches, há uma mudança significativa de
percepção, pois, embora a maioria das mulheres que trabalham tenha uma
avaliação positiva, entre as sem filhos a tendência de avaliar positivamente o
serviço é maior (57%) do que entre aquelas que têm filhos (47%).
A
avaliação das creches é mais positiva nos municípios do interior, onde 57%
consideram o desempenho ótimo ou bom. Nas regiões metropolitanas, esse número
cai para 44%, e nas capitais, para 39%. Tanto nas capitais quanto nas regiões
metropolitanas, 30% dos entrevistados consideram as creches regulares e 17% e
19%, respectivamente, consideram-nas ruins ou péssimas.
Segundo
Maria Campos, o acesso às creches é muito problemático em alguns lugares. Para
ela, aumentar o número de vagas sem qualidade pode ser perigoso. “Se vai
aumentar a quantidade de vagas, que se respeitem as condições mínimas de
qualidade. A resposta das família mostra que elas não têm muita informação
sobre a qualidade das instituições. Estão um pouco iludidas”.
A
pesquisadora acredita que, mesmo com o dinheiro do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), muitas prefeituras não conseguem
se organizar. “Elas não conseguem responder nem a 10% da demanda. Por isso, têm
uma situação muito desigual. A gente sabe que a demanda sofre muito a
influencia da oferta. Onde não existe [creche], as famílias não chegam nem a
procurar”.
O
Programa Nacional de Reestruturação e Aparelhagem da Rede Escolar Pública de
Educação Infantil (Proinfância) tem como meta a construção de 6 mil creches até
2014. Segundo o Ministério da Educação, foram firmados mais de 1,5 mil
convênios no ano passado, no entanto, as creches ainda não estão prontas.
Atualmente, menos de 20% das crianças até 3 anos estão matriculadas em creches,
sejam elas públicas ou privadas.
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