As questões sociais preocupam bem
mais o brasileiro do que as questões ambientais, aponta pesquisa do Programa
Água Brasil, apresentada ontem (28) durante a Reviravolta Expocatadores 2012,
na capital paulista. Temas como aquecimento global, acúmulo e descarte
inapropriado de resíduos e contaminação de rio e mananciais são apontados como
principais problemas por apenas 7% dos entrevistados. O estudo sobre o nível de
consciência da população sobre práticas sustentáveis foi encomendado ao Ibope.
Agência Brasil
Quando questionados sobre os três
principais problemas que afetam o país atualmente, os temas mais recorrentes
aos entrevistados foram saúde (70%), desemprego (53%), fome (50%), corrupção
(42%) e educação pública (39%). Temas relacionados ao meio ambiente ficaram em
penúltimo lugar, perdendo apenas para o item economia global, que foi citado
por 2% dos entrevistados. Participaram do estudo 2.002 pessoas em todas as
capitais e mais 73 municípios, em novembro do ano passado.
Para o coordenador de Programa
Educação para Cidades Sustentáveis da organização WWF Brasil, Fábio Cidrin
Gama, os resultados indicam que será necessária uma grande sensibilização para
mudar a atitude do brasileiro em relação ao tema, especialmente no momento em
que o país se organiza para implementar a Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS). “A pesquisa mostra que há esperança, mas para essa mudança. A gente vai
ter que sensibilizar muito toda a sociedade para que as pessoas assumam [a
destinação correta do lixo] como um hábito e um dever de cidadão”, destacou.
Gama aponta que um dos aspectos
mais positivos da pesquisa é a disposição do brasileiro em participar da coleta
seletiva. Por outro lado, ele lamenta que ainda haja muito desconhecimento
sobre a destinação correta do lixo e sobre o papel que cada um deveria cumprir
nesse processo. “Em relação ao símbolo da reciclagem, os brasileiros acham
simplesmente que tendo aquele símbolo o material vai ser reciclado”, declarou.
O coordenador destaca que para haver o reaproveitamento do resíduo ainda são
necessárias muitas etapas, como a própria separação a ser feita pelo
consumidor.
A pesquisa mostra também que o
brasileiro está disposto a assumir outras atitudes sustentáveis, além da coleta
seletiva. Cerca de 34% dos entrevistados declararam que abririam mão de
determinados produtos mesmo que interferisse na sua comodidade. Percentual
semelhante (33%) passaria a exigir aos fabricantes soluções com intuito de que
o produto tivesse menor impacto no meio ambiente. Ainda é baixo, no entanto, a
quantidade de pessoas (23%) que não comprariam materiais que não fossem
recicláveis ou reutilizáveis.
Para Severino Lima Júnior, membro
do Movimento Nacional de Catadores de Rua (MNCR), a pesquisa destaca o papel do
catador de rua na cadeia de reciclagem no Brasil, já que 26% dos entrevistados
apontam que eles são os responsáveis pela coleta seletiva. Para metade (50%),
ela é feita pelas prefeituras e 12% apontam as cooperativas. “Isso mostra que o
modelo adotado no país tem potencial para ser mais exitoso do que outros
formatos faraônicos, defendidos por alguns, como a participação de grandes empresas
de reciclagem”, defende.
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