Carlos Roberto de Miranda Gomes,
advogado e escritor
O costume das Confrarias vem do
tempo da “belle époque”, século passado, por volta de 1905 nas livrarias das
cercanias da Avenida Central com a Rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro, conforme
retrata o livro “O sorriso da sociedade”, de Anna Lee – editora Objetiva (RJ),
2006.
Nesse livro estão relatadas
reuniões sabáticas de fim de tarde, intrigas e até um crime que ocorreu em 20
de junho de 1915, mas só perdendo força quando da semana de arte moderna de
1922, quando alguns fundadores já haviam falecido.
Há registros da frequência dos
confrades Machado de Assis, Olavo Bilac, Paula Nery, Lima Barreto, João do Rio,
Coelho Neto, Emílio de Menezes, João Ribeiro, Bastos Tigre, Antonio Noronha,
Guimarães Passos, Manoel Bonfim, Medeiros e Albuquerque – entre eles, Annibal
Theophilo, que foi assassinado por Gilberto Amado, fato que abalou as tertúlias
dos letrados.
Natal não foi diferente, tendo
criado pelos idos de 1952 o “Clube dos Inocentes”, que se reunia em casa de
cada um ou num ou noutro bar, liderado pelo Professor José Saturnino, contando
com a adesão de Câmara Cascudo, Diógenes da Cunha Lima, Gorgônio Regalado,
Ascendino Henriques, Arnaldo Arsênio, Djalma Santos, Renato Gouveia, João
Medeiros Filho, Veríssimo de Melo, Reginaldo Rocha, Raimundo Feliciano, José
Leiros, Eulício Lacerda, Severino Nunes, Mílton Cavalcanti, Reinaldo Ferreira,
o americano Frank Walton e José Melquíades, que retratou a Confraria em livro
editado em Porto Alegre(RS) em 1992, dando conta do sodalício – “... que povoou
algumas noites natalenses [sextas-feiras à noite] de boemia sadia”.
Eram os inocentes das maldades
alheias, vivendo cada minuto da vida como se fosse o último, tendo por senha
“Rei-Vassalo”. Nas reuniões, o Prof. Saturnino e Cascudinho levavam as suas
comendas e distribuíam aos presentes, que as colocavam em seus pescoços e as
devolviam no final da reunião, contanto que todos fossem condecorados, num
reconhecimento de rigoroso critério de igualdade.
Afirma Melquíades – “o
sodalício já não existe mais, mas permanece ligado à história lúdica da
cidade de Natal” – nas sessões o “latinorium” era abundante!
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