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Sávio Ximenes Hackradt

3.12.11


Cinema – Por Carlos Emerenciano*

Recebi, na manhã da quarta-feira, um convite do amigo Adriano Gomes: topa escrever sobre cinema para o Calangotango? De supetão, respondi que sim. Não imaginava, no entanto, que seria tão difícil escolher a abordagem, entre tantas possíveis, no rico e variado universo da arte cinematográfica.

Pensei, inicialmente, em abordar a sétima arte em sua relação com outros gêneros artísticos. Começaria pela literatura, de onde boa parte dos roteiros do cinema busca inspiração. Não é à toa que todos os festivais de cinema dividem os roteiros entre originais e adaptados, premiando a ambos.

Poderia também explorar o cinema pela lente dos meus diretores preferidos. Havia escolhido, inclusive, escrever sobre Woody Allen, que completou 76 anos no último dia 1º. Tenho especial predileção pelos filmes desse genial nova iorquino nascido no Bronx, principalmente pela capacidade que ele possui de rir de si mesmo e fazer graça com os elementos do seu cotidiano e de sua origem judaica.

De Woody Allen, rapidamente fiz a relação do cinema com importantes cidades do mundo. O próprio Allen já homenageou a sua Manhattan, título, inclusive, de um dos seus melhores filmes; Londres, onde explora com sucesso o gênero suspense; Barcelona e; por último, A Cidade-Luz, no ótimo “Meia noite em Paris”.

Outra abordagem possível, entre tantas, seria a de explorar o cinema por gêneros. Cheguei a listar, por exemplo, clássicos filmes de tribunal, bons westerns, filmes de gângster, grandes comédias e filmes históricos, no qual se sobressaem interpretações de personagens marcantes. Por sinal, será lançado um filme retratando a “Dama de Ferro” Margaret Tatcher, interpretada pela soberba Meryl Streep. Aí surgem, de logo, nomes de ícones da telona, que serão temas de nossas próximas conversas.

Como vocês podem observar, é rico e variado o universo cinematográfico. Ouso dizer, inclusive, que o cinema, mesmo para os que não possuem o hábito de assistir filmes, arraigou-se no nosso cotidiano. Para tudo, pode-se fazer relação com alguma película. Aquele sujeito que detém muito poder, mas que possui reputação duvidosa, apelidamos logo de “O Poderoso Chefão”. Eu, tentando cumprir o combinado de entregar este artigo aos amigos Adriano e Sávio Hackart, me comparo, com exagero, ao personagem de Gary Cooper, em “Matar ou  Morrer”, de Fred Zinnermann. Um western psicológico, em que a história se processa em tempo real e o relógio, pode dizer-se, é personagem central.

Não adianta, então, meus amigos, fugir dos fascínios do cinema. Por um motivo ou por outro, constantemente somos fisgados pelos seus encantos. É sobre isso que pretendo conversar com vocês nesse espaço. Longe de ser um estudioso, e é melhor assim, pois me sinto à vontade para cometer prováveis gafes ou equívocos, pretendo dividir com vocês emoções vividas no cinema. Cada um de nós possui um roteiro e uma trilha sonora para certas ocasiões. É a vida imitando a arte.

Não existe, a meu ver, metáfora mais feliz sobre a relação da plateia com o cinema do que a do filme de Hitchcok, “Janela indiscreta”. O personagem de James Stewart, com as pernas engessadas, passa horas a bisbilhotar a vida alheia, com o auxílio das poderosas lentes de sua câmera fotográfica. De início, passivo, como nós espectadores, ele e a namorada (interpretada pela deslumbrante Grace Kelly) se envolvem com a história de um dos vizinhos, suspeito de ter matado e esquartejado a esposa. É assim que ocorre conosco. Diante de um bom filme, deixamos a passividade de lado e interagimos com ele. Vai dizer, caro leitor, que você, por exemplo, nunca chorou copiosamente diante da telona?

*Carlos Emerenciano - Apreciador de um bom filme, dividirá com os leitores suas impressões sobre cinema todos os sábados.
twitter: @cemerenciano
e-mail: aemerenciano@gmail.com

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