CALANGOTANGO não é um blog do mundo virtual. Não é uma opinião, uma personalidade ou uma pessoa. É a diversidade de idéias e mãos que se juntam para fazer cidadania com seriedade e alegria.

Sávio Ximenes Hackradt

3.12.11

Sociedade, Meio-Ambiente e Cidadania – Por Marígia Tertuliano*

De volta ao Calangotango.
Antes, agradecer a compreensão e solidariedade do Calango-mor.

Avante! Por que é sobre isso que desejo falar: solidariedade e troca de olhares. Troca, que pode ser para o  bem ou para o mal. Para o alto ou para baixo. Para todos os lugares ou para nenhum lugar. Olhares que fluem, sem nada dizer, ou intencionais, quando representam aprovação, decepção, alegria e prazer! É nesse contexto de solidariedade e troca de olhares que a semana foi marcada por acontecimentos políticos, econômicos e sociais, quando as palavras, muitas delas cruéis, ditaram veredictos sobre as verdades individuais.

Em nível nacional, as manobras para o “cai-cai” de políticos e, com estas, os olhares dos demônios-naja, quando acusadores santos-mor, quando acusados. As verdades e as meia-verdades nortearam condenações, e as falácias ampliaram o número de impostores querendo um lugar ao sol.

Na Terrinha, a semana foi marcada pela presença da Presidenta Dilma, que, muito aplaudida, deu um show em São Gonçalo e saiu de lá com a certeza do dever cumprido. Lá, mais uma vez, os olhares de cruzaram: a necessidade de mostrar intimidade com a Presidenta foi marcante. O metro quadrado dos palanques, segundo análises jornalísticas, ditada o nível de poder político - impressionante o provincianismo!

Por sua vez, a Presidenta não se esqueceu das especificidades da política do RN e foi enfática, quando reafirmou os compromissos já acertados com o nosso Estado. Estava ali para reiterar o que foi iniciado no governo do Presidente Lula. Entretanto, mais uma vez, houve político pegando carona no momento, para se promover, o que me fez pensar: “os palanques já foram armados, e nossa responsabilidade é enorme”!


No dia seguinte, 30 de novembro, o UNICEF lança o documento "O Direito de Ser Adolescente: oportunidade para reduzir vulnerabilidades e superar desigualdades". O relatório reúne dados de áreas da educação, saúde, violência e trabalho. Na apresentação do documento, Marie-Pierre Poirier enfatiza que “os 21 milhões de adolescentes representam para o País um quadro singular de energias e possibilidades. Mas, para realizá-las, deve-se conhecer e reconhecer que um conjunto de vulnerabilidades, presentes na sociedade, afetam de maneira mais grave os adolescentes”.

Segundo o documento, a desigualdade na adolescência também tem suas singularidades, e estas promovem as maiores violações aos seus direitos. Ela é mais cruel quando o adolescente nasce branco, negro ou indígena; vive no Semiárido, na Amazônia ou numa comunidade popular nos grandes centros urbanos, é menino ou menina e tem deficiência. Segundo o UNICEF, tudo isso ainda determina, de forma cruel, as possibilidades que os Adolescentes têm de exercer seus direitos à saúde, à educação, à proteção integral, ao esporte, ao lazer, à convivência familiar e comunitária.

Esses dados demonstram que esses gestores de palanque têm obrigação de pensar e efetivar políticas públicas para os jovens e adolescentes, os quais, na sua maioria, já são gestores da família, estão desamparados, são vítimas de usurpadores do direito - apesar de este direito ser assegurado na Convenção sobre os Direitos da Criança, assim como,  no Brasil, no Estatuto da Criança e do Adolescente.

Portanto, senhores governantes, chega de palanques e falácias! Vamos construir os Planos Plurianuais com critério, porque há jovens e adolescentes em situação de risco, e estes não têm tempo a perder, pois precisam fazer valer o direito de sua adolescência. Entendam que pensar políticas públicas para a criança e o adolescente é uma oportunidade de fazer valer os desígnios da sustentabilidade.

“Olhar para o retrovisor”, como se fala, já não faz sucesso. Nós, cidadãos, cansamos. Queremos ação. Ah! E, por falar em ação, atenção: transparência é um dos princípios da gestão pública!

*Marígia Tertuliano é professoa da UNP

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