Carolina
Pimentel
- Agência Brasil
A
corrupção pode ser um entrave maior do que uma crise econômica quando o assunto
é combater a pobreza no mundo. A avaliação é de Selim Jahan, diretor do Grupo
de Redução da Pobreza do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(Pnud), sediado em Nova York, nos Estados Unidos.
O
diretor reconhece que a crise econômica vivida pelos Estados Unidos e pela
Europa afeta o trabalho de diminuição do número de pobres no mundo porque
diversas nações dependem da ajuda externa vinda de países mais ricos para
combater a pobreza, principalmente os da África. Ele alerta que a corrupção
também tem impacto negativo, porque o dinheiro a ser usado é perdido.
“Pode-se
dizer que sim [que a corrupção pode ser pior que a falta de dinheiro]. Quando
você tem falta de dinheiro, você não tem dinheiro. Quando você tem corrupção,
você tem dinheiro, mas o perde”, disse Jahan, em entrevista exclusiva à Agência
Brasil, durante sua passagem pelo país para participar de reuniões no Centro
Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG), uma parceria
do Pnud com o governo brasileiro.
“O
uso ineficiente dos recursos e pouco dinheiro têm o mesmo efeito”, acrescentou
o economista. Segundo ele, nações como Mali e Serra Leoa já estão em busca de
outros países desenvolvidos que possam ajudá-los.
Selim
Jahan destaca que há conhecimento de que a corrupção está instalada dentro do
Poder Público de países pobres e emergentes. As Nações Unidas têm estimulado
essas nações a usar mecanismos para dar transparência aos gastos
governamentais. Ele cita uma experiência na Índia em que gestores locais
colocam em um mural público quanto dinheiro há disponível e o montante gasto.
Segundo
Jahan, diminuir a burocracia também contribui para evitar a corrupção. “Em
algumas sociedades, a corrupção é institucionalizada. Isso ocorre por muitas
razões. Uma delas é que, às vezes, existem muitas regras. Se você é o
responsável por essas regras, você sempre pode usá-las para conseguir dinheiro
dos outros. Se você simplifica essas regras e dá transparência aos gastos, você
pode reduzir a corrupção”, explicou.
A
primeira das oito Metas do Milênio, propostas pelas Nações Unidas, é reduzir
pela metade o número de pessoas na extrema pobreza até 2015. O Brasil já
atingiu essa meta.
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