* Artigo de Louise Marinho
É,
foi a minha primeira lavada de banheiro, em 21 aninhos. É, 21 anos, pra muitos
isso é motivo de vergonha, pra outras, orgulho. Pra mim nem um, nem outro. Já a
experiência adquirida traz orgulho, aquilo que veio na hora certa, quando tinha
que ser (meio papo de toda primeira vez...). Pois, vou lhes contar. Acho
merecido.
Numa
tarde quente, voltando da rua, sem nada pra fazer (fora aquele trabalho gigante
de Planejamento), movida pelo espírito coletivo e até certa empolgação, decidi
lavar o lavabo de cima (assim como foi sorteado) guiada por uma amiga, (a única
com certas experiências na casa), peguei todo o material necessário e subi. Na
mala peguei umas luvas trazidas prontamente do Brasil, calcei uma meia podre
(uma que caminhp em contato direto com o chão de Madri, na volta de uma boate
no centro, até minha casa...), coloquei uma Bossa Nova pra tocar, o cabelo já
estava preso, e claro, foto tirada. Comecei (sempre gritando por helps de Santa
Bruna).
A
princípio tranqüilo, claro, na medida do possível. Limpando manualmente com
lencinhos o sanitário e a pia. Nojo sim, mas nada que uns gritinhos não
exorcizassem. Pronto, agora deveria vir a parte mais simples. Aquela com um troço,
que vou chamar de escovão, mas que nada tem a ver com um escovão, detergente e água.
Joguei o detergente pelo banheiro, água (vão aprendendo..) e me pus a “escovar”
o chão, lugar pequeno, rapidamente já estava ensaboado. “E agora Bruna?” “Ah só
passar água pra sair.” Simples não?! A porcaria do escovão só ensaboava mais o
banheiro, e a água do balde com mais espuma ficava, e eu escovando, enxaguando,
ensaboando, (claro, em meio a muitos gritos e respingos) e lembrando de Renata,
a faxineira, Lúcia, Iraci, empregadas e toda e qualquer outra servente que já
conheci, vi, ou imaginei. Porra, aquela merda não saia. E não havia Bossa que
ajudasse, (ou conselho de mãe coruja, que me recomendou nas horas difíceis
lembrar que estaria fazendo tais serviços em “Madri”, hora, podia ser em Paris,
Londres, no Palácio Real, a dor nas costas seria a mesma) E haja trocar água do
balde, e limpar os “tentáculos do escovão”, e só espumas na minha frente.
Cansei. Desci, me vi na cozinha prestes a chorar, é, chorar! Quando me veio uma
luz, vou tentar tirar com um pano, certo não temos pano de chão, mas temos
aqueles lencinhos azuis, ótimo. E voltei a tentar, e mais espuma, eu já estava
de joelhos no chão escorregadio, meias podres ensopadas. Lembrei do tapete cor
de rosa que usamos desde a chegada e a pouco fora trocado. Peguei ele, molhei
(pouco) e ainda ajoelhada, passei-o no chão, e foi assim que pouco a pouco fui
conseguindo desensaboar aquele chão, que agora já é tão íntimo meu.
Trabalho
terminado, luvas estendidas, mãos lavadas e devidamente hidratadas, ponho-me
aqui a compartilhar com vocês essa experiência, que pra os leitores pode ter
parecido boba, ou sem graça, mas que pra mim foi única. E todos aqueles clichÊs
que se diz por aí, aquilo de valorizar o trabalho do outro, (algo que você só
vai saber, realmente, fazendo), tirar proveito de toda e qualquer situação,
descer ou subir a níveis ‘inimagináveis’ e blá blá blá.
Maas,
quantas vezes mais terei que fazer isso até Janeiro? Bruuuna?? A resposta é:
toda semana. Vale, espero que eu não tenha que voltar a falar sobre o assunto,
já que treinamento leva a perfeição
Hasta
La vista, babies.
*Louise Marinho, 21 anos, de
Natal, estudante, está na Espanha para cursar um semestre do curso de
Publicidade e Propaganda. Foi chamada pra falar um pouco das suas impressões e
vivências madrilenas por aqui, no Calangotango. Mas avisa que “na Comunicação
Social sou apenas uma estudante, aspirante a redatora”.
Quanto
as suas outras qualificações, habilidades e virtudes, querendo saber, procurem
no louisemarinho@hotmail.com
Bem,
divirtam-se com a Louise aqui no Calangotango.
Ela estará por aqui duas vezes por mês.
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