Wellton
Máximo
- Agência Brasil
Brasília
– Cerca de um terço de tudo o que o brasileiro ganhou em 2010 foi para os
cofres públicos. Segundo números divulgados há pouco pela Receita Federal, a
carga tributária no ano passado correspondeu a 33,56% do Produto Interno Bruto
(PIB), crescimento de 0,42 ponto percentual em relação a 2009, quando a carga
havia atingido 33,14%.
O
número corresponde à arrecadação da União, de estados e municípios, dividida
pelo PIB, que é a soma de tudo aquilo que o país produz. De acordo com a
Receita Federal, o crescimento da carga tributária resultou da combinação do
crescimento de 7,5% do PIB no ano passado e da expansão real (descontada a
inflação) de 8,9% da arrecadação tributária nos três níveis de governo.
Apesar
do aumento da arrecadação, a Receita alega que o incremento da carga tributária
decorreu muito mais do crescimento da economia do que da elevação de impostos e
contribuições. De acordo com o Fisco, isso pode ser comprovado pelo fato de o
aumento da receita tributária ter se concentrado em tributos vinculados ao
faturamento ou ao valor agregado, como a Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social (Cofins) e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). A
Cofins e o IPI foram os tributos cuja receita registrou as maiores variações em
relação ao PIB, com crescimento de 0,14 ponto percentual cada um.
No
caso do IPI, além do crescimento da produção, o fim das desonerações para
automóveis e eletrodomésticos interferiu no aumento da arrecadação. O segundo
maior crescimento em relação ao PIB ocorreu com o Imposto sobre Operações
Financeiras (IOF), cuja arrecadação subiu 0,12 ponto percentual em relação ao
PIB. Conforme a Receita, essa variação foi provocada pela elevação das
alíquotas sobre operações cambiais no ano passado, para conter a queda do
dólar.
O
crescimento também decorreu da revisão da carga tributária de 2009, feita pela
Receita. No ano passado, o Fisco havia divulgado que o indicador tinha atingido
33,58% do PIB, dois anos atrás. Agora, esse número passou para 33,14%. A maior
carga tributária havia sido registrada em 2008, quando o percentual alcançou
34,11% do PIB.
Os
tributos federais foram os que mais pesaram no bolso do brasileiro, correspondendo
a 23,46% do PIB em 2010. Em 2009, esse percentual havia atingido 23,14%. Os
tributos estaduais representaram 8,47% do PIB, índice praticamente estável em
relação a 2009, quando os tributos estaduais haviam alcançado 8,48% do PIB. A
carga tributária dos municípios subiu de 4,58% do PIB, em 2009, para 4,87% no
ano passado.
De
acordo com a Receita Federal, a carga tributária brasileira é mais baixa que a
média dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico
(OCDE), grupo composto principalmente por países desenvolvidos. Como os dados
dos outros países estão desatualizados, a Receita Federal fez a comparação com
2009, quando a média da carga tributária nos países da OCDE somou 34,8% do PIB,
1,7 ponto percentual acima da brasileira naquele ano.
Apesar
disso, o peso dos impostos sobre a economia brasileira é maior do que nos
Estados Unidos, onde a carga tributária somou 24% em 2009, e em países
emergentes como o México, cuja carga atingiu 17,5% do PIB.
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