Quem
vivenciou a administração de Rosalba Ciarlini Rosado, como prefeita de Mossoró,
de Agripino Maia e Garibaldi Filho, como governadores do Rio Grande do Norte,
sabia que o governo do DEM/PMDB seria um governo neoliberal e o seu tratamento
com o funcionalismo público seria de arrocho salarial e de desdém.
Artigo
de Antonio Capistrano*
Nos
dois últimos mandatos de prefeita de Mossoró (1997/2004) essa foi à tônica da
política de pessoal imposta por Rosalba, é só ver o tratamento dado a questão
salarial durante esse período. Foram oito anos de arrocho salarial e sem
diálogo com as diversas categorias. Logo no início do primeiro ano do seu
segundo mandato (1997), em uma só tacada, Rosalba demitiu em torno de 900
barnabés do município e ainda confiscou o FGTS de todo esse pessoal, questão
essa que até hoje rola na justiça.
A
mesma coisa ela fez, no início do seu governo, com o MEIOS, milhares de homens
e mulheres perderam o seu emprego, muitas pessoas já perto de se aposentar.
Portanto,
não é de estranhar o tratamento que o atual governo vem dando ao funcionalismo
público estadual, utilizando-se da famigerada Lei de Responsabilidade Fiscal,
principalmente do dispositivo que trata do Limite Prudencial.
Dispositivo,
esse, criado por eles durante o governo FHC, com a justificativa de que o
governo não pode gastar mais do que 49% da receita com pessoal. Com isso o
governo tenta impedir qualquer movimento grevista. É a velha história, questão
social é uma questão de polícia. Agora, para esbanjar os recursos públicos em
futilidades pode.
A
política de pessoal do estado, até o final do governo Rosalba, vai ser assim,
endurecendo o pescoço e não abrindo mão dos seus princípios neoliberais. É só
lembrar como foram os governos neoliberais de Agripino e Garibaldi com relação
à questão de política salarial e de pessoal. O governo Rosalba é do mesmo
modelo.
Todos
sabem que um dos pontos cruciais em qualquer projeto de melhoria dos serviços
públicos passa inevitavelmente por uma política de pessoa eficiente, o que
significa dizer, salários dignos e qualificação técnica para todo o pessoal,
sem isso não existem bons serviços públicos.
A
tão decantada Lei de Responsabilidade Fiscal e o famigerado Limite Prudencial,
herança maldita de FHC, foram elaborados exatamente com o objetivo de impor os
princípios do neoliberalismo ao povo brasileiro, principalmente no tocante a
questão de gastos com o funcionalismo público federal, estadual e municipal,
fórmula encontrada pelos teóricos neoliberais para justificar o arrocho
salarial e a diminuição da máquina estatal, é o desejo da privatização da
saúde, da educação e da segurança.
Não
é por menos, e nem por acaso, que acoplado a isso veio o PDV – Programa de
Demissão Voluntária, de triste memória, tendo como resultado o sucateamento dos
serviços públicos em todo o país e, em consequencia, as privatizações das
empresas estatais e de economia mista, era a onda neoliberal, imposta pelo
consenso de Washington, varrendo o Brasil de norte a sul e de leste a oeste,
auge do neoliberalismo, que felizmente o tempo provou a sua deficiência e que
aqui no nosso estado teve como seus ferrenhos defensores os governos de José
Agripino Maia e Garibaldi Alves Filho.
Infelizmente
pela vontade, não soberana nem livre, do povo potiguar, essa política, aqui no
Rio Grande do Norte, reconquistou o poder e está impondo os seus princípios.
Portando, o funcionalismo estadual se prepare para anos de arrocho salarial,
tendo como ladainha a aplicação da Lei de Responsabilidade Fiscal e o cuidado
com o Limite Prudencial. Um engodo, uma farsa, uma hipocrisia. Se essa lei
fosse eficaz não haveria tantos desvios dos recursos públicos, tanta
roubalheira.
Para
finalizar essa pequena reflexão, pergunto: como melhorar os serviços públicos,
tema preferencial dos discursos eleitorais, sem investir no servidor, sem
melhorar os seus salários, sem qualificá-los, sem abrir novos concursos, sem
aumentar o efetivo de policiais civis e militares, de professores, de médicos,
de outros profissionais da saúde, enfim, do pessoal técnico-administrativo?
Impossível.
Hoje,
um dos pontos cruciais do movimento dos servidores públicos em todo país deve
ser a luta por mudanças na Lei de Responsabilidade Fiscal, principalmente nos
dispositivos que são verdadeiros entulhos neoliberais.
Agora,
o pior de tudo isso é a cumplicidade dos meios de comunicação na justificativa
desse absurdo que é a Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas, existe uma
explicação para essa cumplicidade. A quem pertencem os meios de comunicação?
*Antonio
Capistrano – ex-reitor da UERN e militante do PCdoB (Publicado no Portal
Vermelho)
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