Agência
Brasil
Um
vírus letal que se espalha rapidamente por todo o planeta, causando pânico e
caos entre a população. O tema do filme Contágio, em cartaz nos cinemas
brasileiros, foi debatido por especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Secretaria Municipal de
Saúde e Defesa Civil do Rio. A iniciativa do debate foi da Foundation for Vaccine
Research, uma fundação dos Estados Unidos.
De
acordo com o superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de
Saúde do Rio, Marcio Garcia,o Brasil tem experiência e conhecimento em
vigilância e investigação, que faz do país capaz de dar resposta razoável
contra um vírus letal.
“Temos
uma rede nacional de alerta e resposta que, inclusive, é conectada com a sala
dos CDC Centers for Disease Control and Prevention [Centros de Controle de
Enfermidades dos Estados Unidos], que aparece no filme, em uma rede
internacional. Também temos um programa especializado em investigação de
surtos, que é o Epsus, com mais de 100 pesquisadores formados,” disse ele.
A
infectologista Patrícia Brasil, da Fiocruz, discorda da análise. Ela disse que
um país que não consegue conter o avanço de doenças já conhecidas e que podem
ser combatidas, como a tuberculose e a dengue, e sequer tem condições de
responder a um vírus como o do filme.
“Na
verdade, ninguém está preparado para um vírus como esse [do filme Contágio]. E
nós temos nossos próprios pesadelos, como a tuberculose. Na epidemia de dengue
de 2008, foram mais de 300 mil casos, mais de 40% de mortes de crianças. Temos
a reintrodução da malária. São muitos os desafios de saúde pública ainda. Nosso
sistema de saúde já é caótico, não só o público, com emergências lotadas.
Imagine com uma epidemia de vírus letal?”, pergunta a pesquisadora.
O
pesquisador Mauro Schechter, da UFRJ e membro da entidade que promoveu o
debate, lamentou que se invista tão pouco em pesquisa de novas vacinas. Ele
defendeu o financiamento de organismos multilaterais em estudos nessa área
“Vacina não dá dinheiro. A não ser que seja para algumas patologias, como HPV,
cuja vacina é muito cara. Mas criar uma vacina para tuberculose ou malária não
é rentável, por exemplo. O Estado tem outros problemas para resolver, como
garantir saúde, educação, segurança e transporte para a população. Por isso, há
a necessidade de esforços internacionais conjuntos”.
De
acordo com Schechter, especialista em HIV, para desenvolver uma vacina contra a
aids em dez anos seriam necessários investimentos adicionais de U$ 5 milhões a
U$ 10 milhões por ano sobre o que já se investe hoje em pesquisa. “O que é
feito hoje é insuficiente”, lamentou o pesquisador.
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