Agência
Brasil
A
solução para os problemas na área de saúde – tanto no Brasil como nos demais
países – não é apenas uma questão de se aplicar mais dinheiro. É preciso
investir em administração, para que os recursos disponibilizados cheguem à
ponta do sistema, sem se perder no meio do caminho, por corrupção ou má gestão.
A
opinião é do diretor do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz), Paulo Buss. Ele participou ontem (19) da abertura da
Conferência Mundial sobre Determinantes Sociais da Saúde, promovida no Rio pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), com apoio do Ministério da Saúde.
“A
questão também é recursos financeiros, com mais verbas. Mas não é só isso. As
prefeituras devem reorganizar-se para que cada real ou dólar aplicado na saúde
renda mais. Tem que ter recursos financeiros, mas se não tiver uma qualificada
gestão pública, dando ordenamento e orientação, vai se perder o investimento.”
Buss
lembrou que é preciso combater a corrupção, que desvia verbas da saúde,
prejudicando o sistema como um todo. “Ações anticorrupção e ações de controle
de utilização adequada do dinheiro têm que fazer parte de qualquer governo.
Isso faz parte da base da governança.”
A
conferência da OMS - a primeira realizada em mais de 30 anos fora da sede da
entidade, em Genebra, na Suíça – tem o foco principal no combate às iniquidades
sociais sobre as condições de vida e saúde das populações. A última grande
conferência do gênero foi a de Alma Ata, no Cazaquistão, em 1978.
“São
inaceitáveis as grandes iniquidades, diferenças que não se justificam e que são
evitáveis da situação de saúde entre as pessoas. Você tem mortalidade de
crianças até 5 anos de quase 150 [por mil] em países africanos e menos de dez
[por mil] em países europeus. Essa diferença não se deve à biologia desses
pequenos seres, ou a sua carga genética. Se deve às condições sociais.” Buss
apontou que as grandes diferenças na situação de saúde não são registradas
apenas entre países ricos e pobres. Segundo ele, podem ser encontradas em
bairros distintos de uma mesma cidade, onde a expectativa de vida pode variar
enormemente.
O
encontro reúne chefes de Estado, pesquisadores e representantes de movimentos
sociais de 120 países. Na próxima sexta-feira (21), será assinada a Declaração
do Rio, com estratégias de enfrentamento global das diferenças. As informações
sobre a conferência podem ser acessadas na página www.cmdss2011.org.
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