O senador José Agripino (DEM), o deputado federal Henrique
Eduardo Alves (PMDB), o marido da governadora Rosalba Ciarlini (DEM), Carlos
Augusto Rosado (DEM), e o senador e ministro da previdência social, Garibaldi
Alves Filho (PMDB) formaram o cenário para uma fotografia. Os quatro, na casa
do presidente nacional do DEM, José Agripino, em Brasília, no dia 10 de agosto,
num almoço, iniciaram a costura de uma acordo político para as eleições
municipais de 2012, projetando as eleições de 2014 para governador e senador.
Fizeram questão de tornar público o encontro.
E o porta voz foi o senador José Agripino, que disse ao
jornal Tribuna do Norte (11/08) que a pauta principal do almoço foi a aliança
no pleito municipal de 2012, com desdobramento para a sucessão estadual e a
disputa de uma vaga para o Senado. E José Agripino lembrou: “ano passado,
estivemos novamente juntos, o eleitorado aceitou e ganhamos os três, o que foi
uma coisa inédita”. (...) “Por quê não estimular a manutenção dessa aliança que
já deu certo? Vamos começar pelo pleito municipal do próximo ano.” E arrematou:
“com essa tendência de aproximar, o desdobramento para 2014 é fato provável”.
O almoço dos quatro traduz bem a situação
política que vive o Rio Grande do Norte há mais de 60 anos com as famílias
Rosado/Maia/Alves. Sim, não é difícil imaginar uma fotografia em 1950 reunindo,
Dix-Sept Rosado, ex-governador e pai de Carlos Augusto Rosado, Aluízio Alves,
ex-governador e pai de Henrique Eduardo Alves e tio de Garibaldi Alves Filho, e
Tarcisio Maia, ex-governador e pai de José Agripino. Nas décadas de 1960, 1970,
1980 e 1990 é possível também encontrar fotos em cuja composição estejam
Alves/Maia/Rosado. Ou seja, o Rio Grande do Norte é uma repetição desde 1950.
Mas a fotografia dos quatro, no dia 10 de agosto, não
traduz apenas essa repetição histórica de divisão do poder no Estado entre
eles. A fotografia diz também que a decisão política no governo do estado
pertence a Carlos Augusto Rosado, marido da governadora Rosalba Ciarlini. É ele
que senta às mesa, com as lideranças políticas do estado, para decidir quem diz
sim a acordos e conchavos. Tem sido assim desde os primeiros dias do governo. É
só olhar as fotos.
A fotografia dos quatro diz ainda que eles estão
incomodados com o vice-governador Robinson Faria, que ousou ampliar sua força
política, construindo um novo partido, o PSD, com a pretensão de ser candidato
a senador em 2014. Participante de outras fotos com esses mesmos personagens,
Robinson foi excluído do encontro. Os quatro comensais de Brasília não estão
satisfeitos com a ampliação do espaço político do vice-governador. Eles acham
que Robinson não tem força eleitoral para ter a força política que demonstra
com a maioria de deputados na Assembléia Legislativa e ocupando cargos
estratégicos no governo do estado. Robinson, para permanecer entre eles, terá
que esquecer o projeto de ser senador e continuar em 2014, - dependendo ainda
de avaliações deles - como candidato a vice-governador de Rosalba Ciarlini.
Para os quatro de Brasília, o candidato a senador em 2014 é Henrique Eduardo
Alves (PMDB), numa aliança entre PMDB, DEM e PSDB. Eles contam com o PSDB como
um apêndice, sem dar nenhuma importância ao deputado federal Rogério Marinho.
Isso porque Rogério está na condição de deputado federal como suplente do irmão
de Carlos Augusto Rosado, o secretário de agricultura do RN, o deputado
federal, Betinho Rosado. Ou seja, depende deles para continuar na ribalta do
Congresso Nacional, com reflexos no estado.
O eixo central dessa costura política que se iniciou é o
PMDB, partido que vive na bigamia com a presidente Dilma Rousseff e a
governadora Rosalba Ciarlini, respectivamente pertencentes aos quadros dos
antagônicos PT e DEM. O PMDB quer concretizar os sonhos do deputado federal
Henrique Eduardo Alves de ser presidente da Câmara dos Deputados, no biênio
2013-2014, e senador da república a partir de 2015. Parte dos sonhos de
Garibaldi se concretizaram: ele e o pai são senadores em uma mesma legislatura
e o seu filho é deputado estadual. O próximo sonho de Garibaldi é ver o filho,
o deputado estadual Walter Alves, deputado federal. E para isso nada melhor do
que Henrique candidato a senador para abrir a porteira para Walter.
Para Carlos Augusto Rosado e José Agripino, o mais
importante é garantir a reeleição de Rosalba.
A fotografia do dia 10/08 antecipa uma história que se
repete no Rio Grande do Norte.
*Artigo publicado na revista Papangu edição Agosto/2011
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