Fonte:
Terra
A
relatora especial das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão,
Gulnara Shahinian, denunciou nesta segunda-feira (14) que existem crianças que
começam a trabalhar aos 3 anos de idade, sendo que aos 9 muitas delas já estão
vulneráveis à exploração sexual.
Com
um firme discurso, Gulnara fechou o último dia de um congresso organizado pela
ONG Proyecto Solidario em Toledo, na Espanha. O ator e escritor Fernando
Guillén Cuervo também esteve no evento para apresentar o documentário
"Vilaj", que aborda a vida das crianças haitianas.
Segundo
Gulnara, que passou os três últimos anos estudando minuciosamente o trabalho
infantil, o número de meninos e meninas que são forçados ao trabalho supera os
215 milhões, segundo dados da Organização Mundial do Trabalho (OIT).
"Muitos deles começam com apenas 3 anos", afirmou a relatora.
O
caso do jovem haitiano Vladimir exemplifica a situação: durante sua
participação no congresso, ele confessou que começou a trabalhar em uma oficina
mecânica aos três anos de idade para ajudar sua família. Agora, graças a uma
bolsa de estudos da Proyecto Solidario, está se formando na Espanha.
Gulnara
foi testemunha do trabalho de meninos e meninas em minas e pedreiras, nas quais
eram obrigados a manusear dinamite "com água até o pescoço" ou ficar
em meio a uma lama "tóxica e contaminada com mercúrio e cianureto".
"Vi crianças sem pele nas mãos", relembrou.
A
relatora especial também foi categórica ao denunciar a exploração sexual
infantil. Ao redor dessas minas, por exemplo, meninas de apenas 9 anos começam
a trabalhar como prostitutas, correndo o risco de contrair Aids e outras
doenças sexualmente transmissíveis.
Além
disso, também destacou a importância de estabelecer novos programas
educacionais e de formação, já que, segundo ela, existem países cujos
governantes consideram o trabalho infantil como uma tradição e um costume
necessário para garantir o sustento das famílias.
Segundo
o terceiro relatório da OIT, divulgado em 2010, na Ásia e no Pacífico há 113,6
milhões de crianças que trabalham, enquanto na África Subsaariana há 65,1
milhões, e na América Latina, 14,1 milhões, além de 22,4 milhões em outras
regiões do mundo.
Muitas
empresas multinacionais, como a Benetton (na Turquia) e a Primark (na Índia),
utilizam a mão de obra infantil para baratear seus custos, segundo Gulnara.
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