Agência
Brasil
Cerca
de mil representantes da população negra estão reunidos em Brasília, no Centro
de Convenções Ulysses Guimarães, no 4º Congresso Nacional da União de Negros
pela Igualdade (Unegro). Mais de 600 delegados de todos os estados estão
presentes no evento, que vai se encerrar no domingo (13). Segundo o presidente
da entidade, Edson França o tema central do encontro é o compartilhamento do
poder por negros e negras.
“Significamos
nada mais nada menos do que 50,7% da população brasileira. No entanto, a
proporção de afrodescendentes nas escalas do poder político e na
representatividade popular é bastante escassa", destacou França, em
entrevista à Agência Brasil. Para ele, "essa sub-representação da
população negra tanto tem conteúdo político como econômico".
A
ouvidora da Câmara Legislativa de Salvador, a vereadora Olívia Santana, avalia
que o financiamento das campanhas políticas com recursos públicos "é uma
bandeira que deve ser de toda a sociedade, porque só assim a população negra
terá vez nas urnas". Ela citou a própria trajetória política para mostrar
as dificuldades que encontrou, por falta de recursos, para conseguir uma vaga
na Câmara dos Deputados. Olívia contou que em 2006 obteve 45 mil votos, o que,
no entanto, não foi suficiente para ela conseguir se eleger para o cargo de
deputada federal pela Bahia.
"Nos
moldes atuais, o setor privado é que banca a maior parte das despesas de
campanhas e, como os representantes negros são mais pobres, estão alijados do
processo econômico, dificultando o financiamento privado", lamentou.
Para
a vereadora, o governo deveria indicar mais negros para cargos de primeiro
escalão. Ela defendeu que, no Judiciário, a população negra também precisa ter
mais representantes, ao lembrar que no Supremo tribunal Federal (STF) há apenas
um ministro negro, Joaquim Barbosa, indicado pelo então presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.
Olívia
acredita que a exclusão do negro na sociedade se deve "à predominância da
ideologia da dominação, da discriminação" que o afasta do processo
representativo.
O
presidente da Unegro defendeu que as centrais sindicais precisam dar mais
ênfase aos interesses da população negra nos seus programas de trabalho. Ele
exemplificou que um profissional afrodescendente "costuma ganhar nas
empresas sempre um salário menor do que um branco”. Edson França destacou que
as centrais defendem a população negra, mas acha que "essa mentalidade
precisa ser reforçada" na luta sindical.
O
coordenador-geral de Agentes de Pastoral Negros, Nuno Coelho, reconhece que
houve avanços em favor da população negra dos anos 80 para cá, com o processo
de redemocratização do país, depois da ditadura militar. Ele defendeu, no
entanto, maior visibilidade da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade
Racial da Presidência da República (Seppir) no governo atual.
Nenhum comentário:
Postar um comentário