MERCADO
IMOBILIÁRIO – Por @PH_natal
Nem
a crise econômica mundial, que cada vez mais se aproxima do Brasil, nem a forte
valorização dos imóveis nos últimos três anos vão segurar o mercado imobiliário
em 2012. Os brasileiros que pretendem adquirir sua casa própria ou mesmo trocar
de imóvel para um maior e mais confortável não terão problemas por falta de
crédito. As projeções são de que, somadas todas as linhas disponíveis no
mercado, serão disponibilizados cerca de R$ 160 bilhões para aquisição de
imóveis prontos, construção e reforma — um recorde. O valor é 23% maior que o
aplicado até o fim deste ano, de quase R$ 130 bilhões.
Essa
dinheirama deverá financiar cerca de 1,6 milhão de unidades no ano que vem em
todo o país, conforme estimativas da Câmara Brasileira da Construção Civil
(Cbic) e da Caixa Econômica Federal, que é responsável por 75% desse mercado. A
maioria, R$ 100 bilhões, beneficiará a classe média — consumidores ou famílias
com renda a partir de R$ 5 mil — e os recursos virão dos depósitos da caderneta
de poupança.
Outros
R$ 60 bilhões são do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e de outras
fontes, como o Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) e Fundo de
Desenvolvimento Social (FDS), com recursos orçamentários da União. Os clientes
dessas linhas de crédito, administradas pela Caixa, são os trabalhadores com
renda familiar de até R$ 5,4 mil. Desse total, 72% vão para a nova classe C —
famílias com renda até R$ 4,6 mil, conforme classificação da Fundação Getulio
Vargas, utilizada pelo governo federal.
Só
a Caixa estima emprestar, em 2012, quase R$ 100 bilhões, incluindo R$ 38
bilhões da poupança destinados à classe média, para financiar 1 milhão de
moradias, 15% mais que neste ano. “É um crescimento bastante robusto,
considerando a carteira da instituição, de 75% do mercado”, afirma o vice-presidente
de Governo da Caixa, José Urbano Duarte.
Com
um cenário desses de crédito farto, o consumidor que apostar em queda dos
preços pode se decepcionar e não conseguir comprar depois o imóvel pretendido
no orçamento programado. Neste ano, houve redução de preços em algumas cidades
brasileiras, depois de um período de três anos de valorização expressiva, de
mais de 100% em muitos casos. Mas a alta continuou, ainda que em ritmo menor,
em localidades como Distrito Federal e Rio de Janeiro, apontam pesquisas da
Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), da Universidade de São
Paulo.
Jovens
Os
brasileiros também têm procurado comprar seu primeiro imóvel cada vez mais
cedo, até os 35 anos, conforme os dados da Caixa, líder no segmento. Em 2000,
essa parcela mais jovem da população representava 51% do total que tomou
empréstimo para a casa própria. Em 2011, a faixa dos consumidores até 35 anos
passou a abocanhar 57,3% do volume financiado. Em 2010, ano de maior
crescimento do setor, eles ficaram com 59,2% de todo o crédito imobiliário.
Aos
24 anos, a arquiteta Andressa Batista Arantes já garantiu o seu primeiro
apartamento. Ela comprou o imóvel ainda na planta, em Águas Claras, e pretende
pagá-lo em 12 anos e meio. “Assinei o contrato de promessa de compra e venda há
duas semanas e estou muito feliz. Agora, tenho um lugar que é meu”, comemora. E
não vai ser o único: “Pretendo comprar outros. Espero que esse seja apenas o
primeiro”.
O
presidente da Cbic, Paulo Simão, afirma que o crédito disponível — recursos da
poupança e do FGTS — não é afetado diretamente pela crise e que a alta demanda
reprimida manterá as vendas aquecidas. Para ele, por mais dificuldades que
possam assolar a economia, há clientela para comprar. “O que tem de ser feito é
adequar o produto ao bolso do consumidor. Estou falando de preços, condições de
financiamento e perfil das unidades ofertadas”, afirma. O vice-presidente de
Governo da Caixa concorda: “Não há, nesse setor, as incertezas da economia
mundial, até porque imóveis continuam sendo um dos melhores investimentos”.
O
presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e
Poupança (Abecip), Luiz França, reforça o fato de existir espaço grande para
ampliar o crédito imobiliário, pois o volume concedido atualmente é um dos mais
baixos do mundo. O Brasil aplica apenas 5,1% do Produto Interno Bruto no setor.
França estima que os financiamentos possam atingir 11% do PIB em 2014.
Otimismo
Depois
de um ano em que o mercado de venda de imóveis na planta desacelerou no
Distrito Federal, devido à demora do Governo do Distrito Federal em liberar os
projetos, o vice-presidente da Associação de Dirigentes do Mercado Imobiliário
do DF (Ademi-DF), Rodrigo Nogueira, está animado com 2012. Para ele, a queda da
taxa básica de juros (Selic) beneficia diretamente o setor. “Se a Selic cair em
maior velocidade, como sinaliza a presidente Dilma Rousseff, poderá gerar um
novo boom imobiliário”, diz.
Nogueira,
que também é sócio da construtora JC Gontijo, afirma que a preocupação é com a
velocidade de aprovação dos projetos pelo GDF. “Isso pode implicar diretamente
nos lançamentos dos próximos anos, especificamente de 2012”, alerta. A JC
Contijo tem 12 empreendimentos em vias de lançamento.
O
diretor nacional de Negócio da João Fortes Engenharia, Luiz Henrique Rimes,
destaca que a burocracia do GDF para aprovação dos projetos pode encarecer os
imóveis. A João Fortes tem seis projetos em andamento, quase todos
residenciais, voltados para as classes A e B, à espera das liberações. “O preço
alto dos imóveis não é só pela demanda maior que a oferta, mas pelos custos que
as empresas têm. Há o encargo financeiro pela compra de um terreno para um
empreendimento que não consegui lançar no prazo previsto. Vai para o preço de
venda”, esclarece Rimes.
A
diretora de empreendimentos da construtora Villela e Carvalho, Ludmila Pires
Fernandes, também está otimista para o ano que vem. “Temos vários produtos
engatilhados. Alguns já gostaríamos de ter lançado, mas não foi possível pelos
entraves burocráticos.”
Fonte:
Correio Braziliense
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