A
restauração do texto original do projeto de lei que criminaliza a homofobia foi
uma das principais reivindicações da 2ª Conferência Nacional de Políticas
Públicas e Direitos Humanos de LGBT, que terminou ontem (18) em Brasília. Desde
quinta-feira (15), lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais
reúnem-se para definir uma pauta comum de políticas públicas.
Agência
Brasil
Durante
o encontro, foram aprovadas moções de apoio à versão original do projeto que
torna a homofobia um crime equivalente ao racismo e ao antissemitismo
(perseguição a judeus). De acordo com os participantes, o substitutivo que
tramita na Comissão de Direitos Humanos do Senado é genérico e não atende às
demandas dos grupos LGBT.
“A
nova versão não deixa claro que os atos de homofobia são tipificados no Código
Penal. Os movimentos entendem que o substitutivo é genérico e cria dificuldade
para os juízes interpretarem os casos de homofobia como crimes”, diz Gustavo
Bernardes, coordenador-geral dos Direitos LGBT da Secretaria Nacional de
Direitos Humanos.
De
acordo com Bernardes, o substitutivo – resultado de um acordo entre a relatora,
senadora Marta Suplicy (PT-SP), e senadores da comissão – também recebeu
críticas por poder resultar em punições mais brandas. Os movimentos LGBT
defendem que os casos de homofobia sejam acrescentados à lei antirracismo, que
considera crime inafiançável ofensas contra negros. Para esses setores, uma lei
à parte não representa garantia que penas semelhantes serão aplicadas em
relação à discriminação contra homossexuais.
Outra
reivindicação aprovada no encontro foi aumentar a articulação entre a União e
os governos estaduais e municipais na promoção de políticas públicas
específicas. A diretora de Articulação Política e Institucional da prefeitura
de Paulista (PE), Maria Vânia do Nascimento, defende o reforço nas parcerias
para a implementação de políticas de assistência à população LGBT.
“Além
de assistência médica e jurídica diferenciada [para o segmento LGBT], é
necessário que os municípios elaborem um plano de enfrentamento à homofobia, o
que depende do auxílio do governo federal”, explica. Os participantes também
reivindicaram o reforço nas campanhas contra a homofobia nos meios de
comunicação e uma política de combate ao bullying nas escolas.
“A
inclusão dos homossexuais começa nas escolas, que precisam trabalhar o respeito
à diversidade que a sociedade não ensina”, acrescentou Maria Vânia.
Promovida
pela Secretaria Nacional dos Direitos Humanos em parceria com entidades LGBT, a
conferência resulta em reivindicações que serão repassadas ao governo federal.
Depois de três dias de debates, os participantes votam hoje o relatório final,
que define as políticas públicas consideradas prioritárias pelo setor. A
votação está prevista para acabar à noite.
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