A
América Latina deve aumentar a arrecadação de impostos, promover políticas
anticíclicas e realizar reformas que permitam aumentar a sua capacidade de
investimentos para que sua economia continue crescendo em 2012, apesar da crise
nos países desenvolvidos. Essa é uma das conclusões de um relatório lançado
ontem pela Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), que
contém um balanço da economia da região e suas perspectivas para o ano que vem.
Fonte:
Valor
No
documento, o órgão da ONU estima um quadro de estagnação para a Europa em 2012,
com alta de 0,4% do PIB (Produto Interno Bruto) da zona do euro em meio à crise
da dívida que assola várias economias da região. Esse quadro terá reflexos em
todo o mundo, provocando desaceleração, por exemplo, na China, importante
cliente das commodities latino-americanas. A Cepal estima que o crescimento
chinês deverá cair de 9,1% neste ano para 8,5% no ano que vem. Esse dado,
porém, é considerado otimista pelo mercado, que espera expansão de 6% a 8%.
Desaceleração
A
Cepal prevê que a economia latino-americana deverá desacelerar de 4,4% neste
ano para 3,7% em 2012. "É um quadro em que não há muito espaço para
crescimento do comércio exterior da região. As exportações tendem a se
estagnar, com a Europa comprando menos e com efeitos indiretos sobre outros
países que demandam muito de nós, como China", disse ao Valor Carlos
Mussi, diretor do escritório da Cepal no Brasil.
Segundo
ele, países como o Brasil, o México, a Argentina e a Colômbia podem se valer de
medidas para estimular o mercado consumidor interno para tentar reduzir os
impactos da crise nas exportações. Mas a região, de uma maneira geral, terá que
buscar também uma maior arrecadação de impostos para aumentar a sua capacidade
de investimento.
Projeções da Cepal para o PIB (em %)
País
2011
2012
Argentina
9
4,8
Bolívia
5,1
4,5
Brasil
2,9
3,5
Chile
6,3
4,2
"Os
países precisam aumentar o seu espaço fiscal, ou seja, incrementar os gastos,
mas têm de buscar receitas para isso", disse Mussi. Sobre a necessidade de
aumentar impostos, o diretor da Cepal ponderou: "Claro que não estou me
referindo ao Brasil."
Carga
tributária
Segundo
o documento, a carga tributária média na região foi de 19% do PIB (Produto
Interno Bruto) em 2008, contra 35% nos países da OCDE (Organização para a
Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). "Aumentar o nível de receitas
fiscais permitiria aos governos da América Latina e do Caribe investir mais e
melhorar os serviços públicos", disse o relatório.
Para
o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, à exceção de Brasil, Argentina e
Uruguai, todos os outros países da região têm espaço para subir impostos.
Além
da quase estagnação prevista para a Europa e da desaceleração na China, a Cepal
trabalha para uma alta de 2,6% do PIB mundial no ano que vem e de 1,5% do PIB
americano. Um fator positivo deve ser o Japão, cuja economia deve crescer 2% em
2012, recuperando-se do tsunami deste ano.
Para
Mussi, o quadro atual é de alerta, mas ainda não há motivos para desespero.
"O grande desafio é ver como essa incerteza europeia vai impactar no outro
motor do crescimento, que é o financiamento."
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