Relatório
da Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Desenvolvimento e
Comércio (UNCTAD, na sigla em inglês) aponta que o desemprego em países ricos
preocupa mais do que os desequilíbrios fiscais.
Fonte:
Rede Brasil Atual
A
crise da dívida de países europeus e dos Estados Unidos vem levando governos a
promover os chamados planos de "austeridade", com medidas recessivas
de contenção de despesas públicas e corte de direitos – incluindo reajustes
salariais e aposentadorias, por exemplo.
Para
o relatório "Austeridade fiscal cria ameaça de recessão global", a
estratégia de enfrentamento da crise corre o risco de repetir erros cometidos
no início dos anos 1930, logo após a quebra da Bolsa de Nova York em 1929,
quando se anteciparam medidas austeras aos primeiros sinais de recuperação. A
medida adiou uma persistência maior de crescimento econômico no período. O
mesmo efeito poderia estar em processo atualmente.
Governos
de países como Portugal, Grécia, Espanha e Itália promovem uma série de medidas
para reduzir despesas como forma de dizer a investidores de bolsas de valores que
são capazes de honrar suas dívidas. As iniciativas, porém, tendem a causar
recessão, por reduzir o poder de compra da população e dificultar o crescimento
econômico. Sem crescer, as receitas com impostos também ficam estagnadas e a
recuperação de fato demora mais, segundo a visão do relatório da UNCTAD.
"Os
déficits fiscais são consequência e não causa da crise", diz o documento.
"Crescimento, e não o déficit, é o alvo apropriado para o momento." O
cenário deve prejudicar a todos os países, incluindo os emergentes – como
Brasil, Índia e China. A análise é de que mesmo nações em desenvolvimento devem
preparar planos de contingência para um período prolongado de recessão
internacional, em função da opção usada para fazer face à crise.
Segundo
o relatório, "países ameaçados pela recessão e deflação deveriam evitar
intensificar as medidas de austeridade porque elas difilmente produzirão os
resultados almejados e podem tornar o mundo propenso a um renovado surto de
recessão". Apenas um aumento da demanda doméstica dos países, com aposta
em elevar índices de emprego e aumentar salários poderia evitar "uma nova
rodada de retração global".
Os
efeitos mais prováveis da "austeridade" é desencadear uma "onda
de efeitos adversos no nível internacional", com prejuízos ao comércio
internacional e aos patamares de investimentos nos próximos anos. Outra
consequência deve ser a ampliação de pressões por protecionismo – medidas para
barrar importações e favorecer exportações, em uma guerra comercial em que
acordos internacionais são pouco respeitados.
Líderes
de países emergentes, como a presidenta Dilma Rousseff, vem apresentando
avaliações próximas à apresentada pela agência da ONU. Dilma sugeriu em eventos
como a Cúpula do G20 (grupo dos países mais desenvolvidos) e na Assembleia
Geral da ONU que países europeus não poderiam repetir o erro cometido por
nações sul-americanas na década de 1990.
Naquele
período, em meio a crises das dívidas soberanas, foi imposta uma agenda de
reformas e redução do Estado, com consequências recessivas. O patamar de
desenvolvimento atual dessas nações foi alcançado apenas a partir da aposta no
combate à pobreza e no crescimento do mercado interno, segundo a visão da
presidenta.
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