Diagnóstico
divulgado pela Controladoria-Geral da União (CGU) na última sexta-feira (9)
revela uma atitude pró-ativa dos servidores públicos federais quanto ao acesso
à informação pública. De acordo com a publicação, “há um movimento em curso de
abertura e conscientização sobre a importância da transparência. Todos os
órgãos e entidades participantes da pesquisa desenvolvem algum tipo de prática
na área de transparência”.
Agência
Brasil
A
boa vontade dos servidores e algum histórico de iniciativa dos órgãos públicos
em favor da transparência não afastam, no entanto, a preocupação com o mau uso
das informações. A avaliação é que a Lei de Acesso a Informações Públicas sancionada pela presidenta Dilma Rousseff no mês passado tem como
desafio superar a “cultura do segredo”, verificado “principalmente na constante
preocupação com o mau uso das informações pelo público, com a má interpretação
ou descontextualização das informações”.
A
publicação Diagnóstico sobre Valores, Conhecimentos e Cultura de Acesso à
Informação no Poder Executivo Federal Brasileiro, coordenada pelo antropólogo
Roberto DaMatta, envolve duas pesquisas. A primeira (de caráter qualitativo)
foi feita por meio de entrevista com 73 autoridades públicas; e a segunda (mais
quantitativo), com aplicação de questionário por meio eletrônico a 986
servidores federais de diversos órgãos.
De
acordo com os dados apurados, 23,7% dos servidores desconfiam de “má utilização
das informações”, 14,3% temem “vantagens para grupos de interesse bem
situados”, e 11,7% acreditam que possa haver uso político das informações. Além
dessas ressalvas, os servidores apontam que poderá haver “solicitações
excessivas e descabidas”, “uso indevido das informações pela imprensa”, “maior
burocratização” e “até “mais conflito entre cidadão e a administração pública”,
entre outras preocupações.
Apesar
dessas ponderações, há a avaliação de que a informação acessível atende à
“transparência da administração pública” (38,3%), serve à “redução, ao combate
e à prevenção da corrupção” (20,6%) e favorece o “fortalecimento da
credibilidade da administração pública” (13%), além de aproximar o cidadão
(8,6%) e aumentar sua confiança na administração (7,8%). Oito de cada dez
servidores entrevistados acreditam que “o benefício de uma política de amplo
acesso à informação pública seria superior a qualquer ônus envolvido na sua
implementação [tempo, trabalho, recursos, riscos]”.
A
percepção dos servidores é que os jornalistas são os principais demandantes de
informações (35,3% das respostas); mais do que o cidadão (24,6%), a própria
administração pública (12%), organizações não governamentais (9,5%) e
pesquisadores (9,3%).
A
maioria dos servidores entrevistados (66,5%) trabalha em órgãos onde já estão
implantados sistemas eletrônicos de protocolos e tramitação de documentos.
Quando perguntados quem responde às demandas de solicitações, 53,19%
responderam que é a própria unidade. O diagnóstico aponta, porém, que 32,9%
disseram que não existe no órgão a que estão vinculados uma unidade para
atendimento de solicitações de acesso à informação pública.
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