Em
tramitação em uma comissão especial da Câmara dos Deputados, o novo Código de
Processo Civil (CPC) deverá estar pronto para ser votado no plenário da Casa
até o início de março. Essa é a expectativa do presidente da comissão, deputado
Fábio Trad (PMDB-MS), que quer concluir a votação do relatório final do
deputado Sério Barradas Carneiro (PT-BA) até o fim de fevereiro.
Agência
Brasil
“Se
depender de mim, os trabalhos serão ágeis porque precisamos dar ao país um novo
código. O atual, de 1973, é de antes da internet e, portanto, de antes da
comunicação digital”, disse Trad à Agência Brasil.
O
novo texto, que já foi aprovado no Senado, recebeu na Câmara 900 emendas, além
de centenas de contribuições feitas pela internet por cidadãos em geral.
Algumas dessas sugestões foram incorporadas pelos cinco sub-relatores. Agora, a
comissão precisará votar todas as emendas apresentadas por parlamentares para
fechar o texto final do relator-geral.
De
acordo com Trad, existem três pontos mais polêmicos e que, portanto, receberam
mais emendas. O primeiro deles trata do incidente de resolução de demandas
repetitivas (IRDR). O mecanismo foi criado pelo texto original do Senado e visa
pacificar a legislação em casos onde juízes de diferentes pontos do país podem
dar sentenças contraditórias.
Com
ele, o Tribunal de Justiça de um estado pode, ao ser provocado pelos juízes de
primeira instância, baixar uma resolução para que uma tese aplicada em um caso
se estenda aos outros processos idênticos àquele. Assim, economiza-se tempo e
recursos do Judiciário que seriam gastos julgando processos iguais
individualmente. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) ou o Supremo Tribunal
Federal (STF) também podem baixar uma IRDR que valerá em todo o país. “Penso
que esse primeiro instituto vai gerar polêmica porque veio do direito alemão e
lá é um país territorialmente menor que o nosso. Aqui acho que vamos precisar
de adaptações”, disse Trad.
O
segundo ponto polêmico, na opinião do presidente da comissão especial, é o que
trata de demandas corporativas. Fábio Trad explica que alguns profissionais
ligados ao direito querem que o novo código inclua demandas relacionadas às
suas áreas, o que pode provocar conflitos. Segundo ele, esse é o caso dos
advogados, que pedem que todo o Judiciário fique parado por 30 dias para que
eles possam tirar férias.
“Essas
questões corporativas tendem a gerar antagonismos porque existem outros setores
que podem se sentir prejudicados”, explica o deputado. Outro exemplo de
demandas corporativas citadas por Trad são dos advogados públicos. Eles querem
ter direito a um percentual sobre as causas que ganharem para a União a título
de honorários.
O
último ponto citado pelo presidente da comissão que foi alvo de grande parte
das emendas é o que trata dos recursos de apelação. Atualmente, quando uma das
partes recorre de uma sentença em primeira instância, ela pode requisitar que a
decisão não seja aplicada enquanto o recurso não for julgado. No modelo que está
sendo proposto com o novo código, a sentença já começa a produzir efeito
imediatamente. Apenas quando o relator da segunda instância é provocado pode
determinar a suspensão dos efeitos da primeira decisão.
O
texto inicial do novo código foi elaborado por uma comissão de juristas no
Senado e pretende modernizar a legislação, uma vez que o CPC atual é de 1973 e
é considerado obsoleto por juristas em geral. As principais mudanças visam
agilizar o processo civil, diminuindo o número de recursos e instrumentos
protelatórios em geral e incentivando resoluções de conflitos por meio de
conciliação. O projeto original foi aprovado no Senado no fim de 2010 e deverá
voltar à Casa após as mudanças feitas pela Câmara.
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