A chamada Lei de Cotas (Lei 8.213 de 1991) completou
ontem (24) 21 anos de sua sanção. Mesmo depois de mais de duas décadas em
vigor, ainda existe muito preconceito sobre a capacidade produtiva da pessoa
com deficiência. A avaliação é do secretário Nacional de Promoção dos Direitos
da Pessoas com Deficiência, Antônio José Ferreira. “Ainda temos muitos
desafios. Os maiores são superar, ainda, os preconceitos e o desconhecimento
que o empresário têm acerca das potencialidades e da capacidade da pessoa com
deficiência”, disse à Agência Brasil.
Bruno Bocchini da Agência Brasil
Atualmente, existem cerca de 306 mil pessoas com
deficiência formalmente empregadas no Brasil. Desse total, cerca de 223 mil
foram contratadas beneficiadas pela Lei de Cotas. Ela prevê, no Artigo 93, que
toda empresa com 100 ou mais funcionários deve destinar de 2% a 5% (dependendo
do total de empregados) dos postos de trabalho a pessoas com alguma
deficiência.
“Junto com o Ministério do Trabalho, estamos fazendo uma
grande [campanha de] sensibilização dos empresários. Não indo só na questão de
aplicar multa, mas também de conscientizar e de capacitar o empresariado. É
mais fácil nós adaptarmos as empresas às pessoas, do que as pessoas às
empresas”, destacou o secretário. A empresa que desrespeitar a Lei de Cotas e
negar oportunidade de trabalho às pessoas com deficiência poderá pagar multa de
R$ 1.617,12 a R$161.710,08.
De acordo com a Secretaria dos Direitos da Pessoa com
Deficiência do Estado de São Paulo, as 306 mil carteiras de Trabalho assinadas
de pessoas com deficiência representam apenas 0,7% do total de empregos formais
do país, onde há 46 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, das quais
29 milhões em idade economicamente ativa.
Segundo o órgão, se todas as empresas do país cumprissem a
Lei de Cotas, mais de 900 mil pessoas com deficiência teriam que estar
empregadas. “Hoje nós já temos avançado. O governo federal está colocando 150
mil vagas no Pronatec [Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego]
a fim de qualificar as pessoas com deficiência para justamente acessar às vagas
que a Lei de Cotas tem trazido”, disse Ferreira.
Um dos principais preconceitos que ainda perduram sobre as
pessoas com deficiência é, na avaliação do secretário municipal da Pessoa com
Deficiência e Mobilidade Reduzida de São Paulo, Antonino Grasso, de que elas
são menos produtivas e trariam mais custos para as empresas. “Essas pessoas
podem ter uma deficiência física por algum problema, por ter nascido assim, ou
por ter tido um acidente, mas elas têm, na outra ponta, grandes eficiências.
Então precisamos fazer um trabalho de encontro para que esse grande contingente
de pessoas sejam reinserido dentro do trabalho, porque eles são muito
importantes, são muito trabalhadores”, declarou.
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