O estudo feito pela Secretaria de Estado da Saúde em
parceria com a Universidade Católica de Santos com 35 mulheres entre 24 anos e
39 anos, que ficaram grávidas depois de terem feito cirurgia bariátrica
(redução de estômago), mostra que 88,6% delas tiveram parto por cesárea. Em
relação aos bebês, 50% nasceram com baixo peso e 14% tiveram problemas
respiratórios ou pulmonares, infecções e até a necessidade de reanimação na
sala de parto, logo após o nascimento.
Flávia Albuquerque da Agência Brasil
A pesquisa indica que a cirurgia bariátrica pode ter sido
responsável pela maior vulnerabilidade nutricional das gestantes e que isso
pode ter provocado reflexos nos fetos, afetando até a amamentação.
De acordo com os dados, 74% das mulheres engravidaram após
um ano da cirurgia e 28,5% em menos de um ano. Do total de entrevistadas, 68,6%
amamentaram os filhos por um período inferior a seis meses, com 43% realizando
o aleitamento materno por apenas dois meses.
A pesquisadora e nutricionista da Divisão de Doenças Não
Transmissíveis do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria, África
Isabel de la Cruz Perez, explicou que na cirurgia de redução de estômago, além
de o paciente ter o tamanho do órgão diminuído, o que restringe a quantidade de
alimento que pode ser ingerido diariamente, geralmente é feito um desvio de
algumas partes do intestino, onde os nutrientes são absorvidos.
“O cirurgião desvia o trajeto normal do alimento para ele
não passar pelo duodeno. Por isso há um prejuízo grande da absorção. Ela come
pouco e o pouco que come não é absorvido. Assim ela vai passar a usar as
reservas corporais que tem e, por isso, emagrece rápido. Isso é muito nocivo
para a saúde. Agora imagine isso para uma pessoa que está em idade fértil e vai
gerar uma criança.”
Segundo ela, outras pesquisas também já indicaram a
possível influência da cirurgia bariátrica no nascimento prematuro e no baixo
peso dos bebês. Além disso, existe também outra conseqüência, como a
reprogramação fetal. Nesse caso, o feto está em um ambiente no qual percebe que
há poucos nutrientes e interpreta isso como um ambiente hostil. Assim, o feto
se reprograma para acreditar que quando sair do meio uterino estará também em
um local com essa deficiência de nutrientes.
“O que acontece é que esse bebê não é amamentado direito.
Acaba recebendo leite de vaca e por causa da reprogramação fetal isso resulta
em uma hiperalimentação, que pode levar à obesidade na fase adulta e a vários
problemas cardiocirculatórios. Isso está sendo atribuído à reprogramação
fetal”.
África ressaltou a importância de o paciente ter um bom
acompanhamento médico tanto antes quanto depois da cirurgia, com nutricionista
e psicólogo. “Assim ela pode evitar as consequências maléficas da cirurgia,
porque elas também existem e é sobre isso que as pessoas precisam ser
alertadas.”
Para a nutricionista o ideal é que a pessoa se esforce
para não engordar a ponto de ser necessário fazer a redução de estômago. “O
ideal é ter uma alimentação adequada e fazer exercícios físicos para se manter
dentro do peso indicado para a altura.”
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