Carlos Roberto de Miranda Gomes, advogado e escritor
Dom Eugênio de Araújo Sales, é potiguar de Acari, filho de
Celso Dantas Sales e Josefa de Araújo Sales (Teca) e irmão de Dom Heitor de
Araújo Sales, arcebismo emérito de Natal e de Otto Santana, também homem de
grande religiosidade. Nascido na Fazenda Catuana, foi batizado na Igreja Matriz
de Nossa Senhora da Guia, em Acari, no dia 28 de novembro de 1920. De família
muito católica, era bisneto de Cândida Mercês da Conceição, uma das fundadoras
do Apostolado da Oração na cidade de Acari.
Sua trajetória religiosa o levou a vários lugares deste
Brasil, até o arcebispado do Rio de Janeiro, onde viveu seus derradeiros dias.
Como tantas pessoas nascidas no interior, também começou seus estudos em
escolas particulares e somente depois em colégios regulares, como no caso, o
Colégio Marista, indiscutivelmente uma casa de ensino que levou ao Brasil
grandes nomes da nossa cultura e da vida ativa em variados segmentos. Sua vida
religiosa data de 1931, quando ingressou no Seminário Menor, realizando seus
estudos de Filosofia e Teologia no Seminário da Prainha, em Fortaleza nos idos
de 1931 a 1943.
A sua ordenação aconteceu no dia 21 de novembro de 1943,
ao tempo em que Dom Marcolino Esmeraldo de Sousa Dantas era bispo de Natal. Daí
em diante iniciou uma longa caminhada de fé, esperança e caridade, marcando
presença em todos os lugares por onde passou e atuando de maneira pioneira e
corajosa, atitudes que lhe garantiram conceito, ao ponto de ser apontado como
um possível Papa, o que não aconteceu por fatores puco esclarecidos.
Seu falecimento, aos 91 anos de vida, aconteceu na noite
de segunda-feira, em sua residência no bairro de Sumaré no Rio de Janeiro
enquanto dormia no dia 9 de Julho de 2012, deixando contesnados a
cidade onde vivia, o seu Estado de origem – o Rio Grande do Norte, todo o
Brasil e inúmeros países, que o reverenciaram e se fizeram presentes nas
solenidades fúnebres.
Tive vida ativa nas lides estudantis e no serviço público
ao tempo das atividades de Dom Eugênio, mas não fui seu pupilo, embora
acompanhasse sua trejetória de ações, pela serenidade e combate aos abusos
oriundos de um regime de exceção, papel que procurei exercer, dentro das minhas
insignificantes atribuições, porquanto não sendo militante de esquerda, tinha
particular amizade com alguns e pugnava na Faculdade de Direito pela
justificativa da falta às provas diante do assédio moral que aflorava naqueles
tempos, com reiterados êxitos, pois a Congregação dos Professores compreendia a
situação e autorizava que outras avaliações fossem aplicadas. Endosso todos os
comentários feitos por seus parentes e amigos em edição especial do Novo Jornal
e com eles comungo da mesma dor pela perda física do ilustre religioso, cujas
ideias continuarão nos livros e documentos que ficarão arquivados para
conhecimento da posteridade.
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