Produções intelectuais e indústria cultural dialogam
entre tapas e beijos
Carlos Haag | Edição 200 - Outubro de 2012
Em A perda da auréola, dos Pequenos poemas em
prosa, Baudelaire descreve o poeta, apressado, a saltitar por entre poças de
lama. De repente, sua aura cai numa delas, mas ele nem se preocupa em pegá-la
de volta, confessando seu alívio a um passante: “Posso enfim me entregar à
devassidão, como qualquer mortal. A dignidade me entedia. Eis-me aqui,
igualzinho a você, como vê!”. Assim, o antigo “bebedor de quintessências” e
“comedor de ambrosia” percebe que precisa deixar, de bom grado, a sua aura na
“lama” para viver os novos tempos. “No Brasil do século XIX já se percebe um
diálogo inicial entre ‘alta’ e ‘baixa’ cultura, catalisado pelo crescimento da
imprensa. Afinal, sem produtos comerciais como os jornais, fruto de uma
indústria cultural nascente, não haveria espaço para figuras como Machado de
Assis, Lima Barreto ou João do Rio. Por um paradoxo, foi um movimento na ‘baixa’
cultura que provocou a criação de obras de ‘alta’ literatura”, diz
a Pesquisa FAPESP o sociólogo Sergio Miceli, da Universidade de São
Paulo (USP).
Leia mais em Uma arte feita de tensões
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