Resultante de comentário em
encontro trivial com o meu velho amigo Petit das Virgens, lamentamos o
fechamento da tradicional “Livraria Universitária”,criada pelo inesquecível
Walter Pereira, o que me fez rebuscar na memória, alguns fatos ligados às
confrarias de intelectuais, que sempre permearam a vida desses estabelecimentos
especiais.
Carlos Roberto de Miranda Gomes,
advogado e escritor
A morte de uma livraria é sempre
motivo de pesar e ela vem sempre anunciada, mercê da mudança dos costumes de
cada lugar.
A propósito, ainda relutando em
sobreviver, li um artigo de Jotabê Medeiros – O Estado de São Paulo, onde
comenta a interessante história da Livraria “Ao Livro Verde”, da cidade de
Campos (RJ), criada em 1844 e que pertenceu ao alemão Max Zuchner e hoje a
Ronaldo Sobral, onde já frequentavam alguns famosos intelectuais, continuadores
das tradicionais confrarias.
Segundo o articulista, aquela Casa
de Livros vem dando os primeiros sinais de fraqueza, quando está se preocupando
mais como papelaria do que como livraria.
Foi exatamente assim que aconteceu
com a Universitária, aonde nos idos dos anos 70 e 80 funcionavam duas
confrarias – o Alto Clero, no anexo entrecortado pelo Beco da Lama, onde
compareciam, dentre outros, Gorgônio Regalado, Diógenes da Cunha Lima, João
Medeiros Filho, egressos da “Confraria do Clube dos Inocentes” e mais o Coronel
Leão, Mário Moacyr Porto, Arlindo Pereira, Américo de Oliveira Costa, Alvamar
Furtado, Humberto Nesi, Franco Jasielo, Raul Fernandes, Clovis Gentile,
Jornalista Leonardo Bezerra, Prof. Veríssimo de Melo, Augusto Severo Neto,
Newton Navarro entre outros que apareciam esporadicamente, como Zila Mamede,
Celso da Silveira, Luiz Carlos Guimarães, Varela Barca, Luiz Romano de Santana,
Tarcísio Gurgel, Berilo Wanderley, devidamente recepcionados por Seu Walter; e
o Baixo Clero que funcionava nas manhãs dos sábados, no primeiro andar da
Livraria da Rio Branco, com a presença dos Doutores Djacir, Chiquinho,
João Batista Costa de Medeiros, Edson Gutemberg, Nelson Patriota, Francisco da
Chagas Pereira(Juiz do Trabalho), Inácio Magalhães, Professor Stênio, Carlos
Gomes (eu), Bob Furtado, Manoel Onofre Júnior, Gilvan Carvalho, Bosco Lopes e
outros, onde era servido aos presentes, além de cafezinho, chá mate gelado,
batizado pelo “Bispo de Taipu” de Espumas Flutuantes, estes assistidos por
Gilson Pereira e Marconi Macedo.
Quando Nelson assumiu, sentimos
uma transformação. Um dia, ao chegarmos para as nossas tertúlias semanais,
sentimos que as estantes com os livros de maior interesse haviam descido para o
térreo, já não mais nos ofereciam o cafezinho ou o chá. Constatamos que era um
convite de despejo e fomos procurar outra pousada.
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