Neste 23 passado, foi um dia de
graça para mim. Logo cedo, no Supermercado Nordestão encontro-me com o Dr.
Ernani Rosado e D.Madalena, que me entregaram cópia do filme “Amor de Outono”
(Le Blé en Herbe), produção da Franco London Filme, sob direção de Louis Wipf,
a que fiz referência em uma das primeiras Cartas de Cotovelo, edição 2013.
Carlos Roberto de Miranda Gomes,
escritor-veranista
O filme é de 1954 e devo tê-lo
assistido nesse mesmo ano, quando ainda adolescente e, seu enredo, muito bem se
amoldava aos meus anseios, daí o haver incorporado aos meus devaneios juvenis,
haja vista se passar com um jovem (Pierre-Michel Beck), mais ou menos da minha
idade e num período de veraneio, como era do meu costume, lugar onde as
aventuras afloravam com maior intensidade.
No meu comentário confundi o ator
que encarnava o personagem “Philippe”, como se fora Gino Leurini, de origem
italiana, quando foi o francês Pierre-Michel, contracenando com Nicole Berger,
personalizando “Vinca”, que nutria por Phil um amor platônico, com a
indiferença deste, até travar, por acaso, conhecimento com a “Madame Dalleray”,
interpretado pela atriz Edwige Feuillère, de idade já madura, que protagonizou
la prima volta do amor carnal de Phil.
Consumado o idílio, o jovem
adolescente é imbuído de sentimentos diferentes, quando se depara com uma dupla
situação, entre um amor inocente da menina-moça, ainda não assumido,
interrompido por uma louca paixão, consumada com o encontro da sexualidade, que
lhe proporciona o amadurecimento inusitado, que até então não cogitara.
Naquele momento de amor ele se
desconhece ao olhar no espelho e em seguida toma quase que um banho de água
benta disponível costumeiramente em pequenos santuários de estrada, muito
comuns nas cidades europeias de então, como para lavar o espírito conturbado.
Voltando à razão, reconhece que
tudo não passara de uma aventura e então tem a sua atenção despertada para a
pureza de Vinca, coincidindo com o retorno de Dalleray à Paris.
Verifiquei, então, que havia
retornado quase 60 anos no tempo. Fiquei com a paz de criança dormindo e, diferentemente
dos dias comuns, só acordei depois das 8 horas.
Que belo presente!
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