Lagarde
disse que países precisam superar indecisão política e agir para evitar uma
nova recessão
Em seu primeiro grande pronunciamento em Washington desde que
assumiu o comando do FMI (Fundo Monetário Internacional), em julho deste ano, a
francesa Christine Lagarde disse que a economia mundial entrou em uma nova fase
“perigosa”.
Fonte:
BBC Brasil
“Exatamente
três anos após o colapso do (banco de investimentos) Lehman Brothers
(considerado um marco da última crise econômica mundial), os horizontes da
economia estão agitados e turbulentos, à medida que a atividade global
desacelera e os riscos aumentam”, disse a diretora-gerente do FMI.
Nova
fase da crise
“Nós
entramos em uma perigosa nova fase da crise. Sem determinação coletiva, a
confiança de que o mundo precisa tanto não vai retornar.”
Lagarde
citou a crise de dívida que atinge diversos países da zona do euro e a lenta
recuperação da economia americana e disse que esses países precisam deixar de
lado a indecisão política e agir logo para evitar uma nova recessão, que teria
consequências em todo o mundo.
Círculo
vicioso
Segundo
a diretora do FMI, o alto nível de dívida afeta tanto os bancos europeus quanto
os lares americanos. O fraco crescimento e a fragilidade das contas públicas
são combustíveis para uma crise de confiança que acaba retendo a demanda, os
investimentos e a criação de empregos.
“Esse
círculo vicioso está ganhando força e, francamente, tem sido agravado pela indecisão
das políticas e pela disfunção na política”, disse.
Estados
Unidos
"Nós
entramos em uma perigosa nova fase da crise. Sem determinação coletiva, a
confiança de que o mundo precisa tanto não vai retornar". Ao mencionar o
caso específico dos Estados Unidos – que enfrenta alta taxa de desemprego,
déficit recorde e o temor de nova recessão –, Lagarde disse que as propostas
recentes apresentadas pelo presidente Barack Obama são “bem-vindas”.
Na
semana passada, Obama propôs um plano de US$ 447 bilhões (cerca de R$ 765
bilhões) para combater o desemprego nos Estados Unidos.
A
proposta, porém, precisa ser aprovada pelo Congresso, em um momento de grande
divisão política e com a Câmara dos Representantes (deputados federais) sob o
controle da oposição republicana.
Vontade
política
Segundo
Lagarde, apesar de o plano ser bem-vindo, é “crucial” que as autoridades
esclareçam seus projetos de médio prazo para colocar a dívida pública em uma
trajetória sustentável.
Ao
ressaltar a necessidade de “forte vontade política ao redor do mundo”, Lagarde
disse ainda que os líderes devem estender suas agendas “para além das próximas
eleições”.
No
caso dos Estados Unidos, as discussões sobre a economia têm ocorrido já em um
clima de campanha para as eleições presidenciais do ano que vem, com troca de
acusações e com os republicanos que buscam a indicação do partido para disputar
a Presidência aproveitando a crise como munição para críticas a Obama, que
concorre a reeleição.
Emergentes
Lagarde
ressaltou que um fracasso em reequilibrar a economia mundial irá afetar a
todos.
“Se
as economias avançadas sucumbirem à recessão, os mercados emergentes não vão
escapar”, disse. “Reequilibrar (a economia) é de interesse global, mas também
de interesse nacional.”
O
reequilíbrio é um dos “quatro Rs” propostos pela diretora do FMI para abordar
os problemas da economia mundial. Ou outros são reparar, reformar e
reconstruir.
Segundo
Lagarde, o reequilíbrio envolve uma mudança na demanda global, de países com
déficit externo para países com superávit.
“A
ideia aqui é simples. Com menor gasto e mais poupança nas economias avançadas,
mercados emergentes cruciais deverão preencher o espaço e começar a fornecer a
demanda necessária para alimentar a recuperação global.”
Perigos
do fluxo de capitais
Sem
citar nenhuma economia em particular, Lagarde mencionou ainda o fato de “alguns
países” prejudicarem o reequilíbrio com políticas que mantêm a demanda
doméstica muito lenta e a apreciação da moeda muito modesta – crítica
geralmente feita à China.
“Outros
mercados emergentes estão enfrentando os perigos dos fluxos de capital”, disse.
No Brasil, a entrada excessiva de capital estrangeiro é uma das preocupações,
por provocar a valorização do real frente ao dólar e, consequentemente, a perda
de competitividade das exportações nacionais.
O
discurso de Lagarde foi feito uma semana antes de ela presidir pela primeira
vez a reunião anual do FMI e do Banco Mundial, na capital americana.
Também
se reunirão em Washington os ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais
do G20 – grupo que reúne as principais economias avançadas e emergentes, do
qual o Brasil faz parte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário