Agência
Brasil
O
projeto de lei que cria a Comissão da Verdade foi aprovado ontem (26) no
Senado, com apoio unânime dos senadores. Com a presença da ministra de Direitos
Humanos, Maria do Rosário e de parentes de vítimas da ditadura militar, o
parecer favorável ao projeto foi lido pelo relator, senador Aloysio Nunes
Ferreira (PSDB-SP), ele mesmo exilado político no período da ditadura militar
(1964-1985).
O
texto prevê a criação de uma comissão com a participação de sete membros
indicados pela presidenta da República, Dilma Rousseff, com suporte
administrativo e financeiro da Casa Civil. O objetivo será apurar fatos
ocorridos entre os anos de 1946 e 1988, entre eles crimes de tortura e
assassinato cometidos em nome do Estado brasileiro.
O
projeto foi fruto de acordo do governo com a oposição e estabelece também que
pessoas que atuam como dirigentes de partidos políticos não poderão integrar a
nova comissão. Funcionários públicos civis e militares ficarão obrigados a
colaborar com os trabalhos de esclarecimento dos fatos ocorridos no período e
outras testemunhas poderão ser convocadas. Também poderão ser solicitadas
perícias, mas a comissão não terá qualquer poder punitivo em relação aos crimes
que já foram anistiados ou prescritos.
O
relator lembrou que o esclarecimento dos fatos é fator fundamental para que a
democracia brasileira possa seguir se fortalecendo. “Qualquer que seja o
resultado da Comissão da Verdade, a ferida não se fechará. Mas eu espero que
nós possamos, no trabalho da Comissão, encontrar uma resposta sobre mistérios
com os quais nós convivemos e que não podem subsistir na plenitude da
democracia”.
Diversos
senadores lembraram que ainda existem corpos de pessoas mortas que não foram
encontrados. A localização desses corpos é uma das expectativas criadas com a
implementação da comissão. “O que eu quero é seguir em frente, eu sei que as
famílias das vítimas vão carregar para sempre essa ferida, como disse no
início, não há cura para isso, mas talvez aqueles que foram mais diretamente e
duramente atingidos possam se sentir, de alguma forma, reparados, se à luz da
democracia puder contribuir para esclarecer as condições em que seus entes
queridos pereceram e, inclusive, a autoria desses crimes”, resumiu Ferreira.
A
presidenta da sessão, senadora Marta Suplicy (PT-SP), disse que o texto seguirá
para sanção da presidenta Dilma Rousseff. “Hoje ela terá uma noite muito
feliz”, disse a senadora, lembrando que a presidenta foi torturada durante a
ditadura militar.
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