Organizações
de defesa dos direitos humanos querem que o governo federal torne públicas as
informações do relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre tortura
no Brasil, com base na recém-aprovada Lei de Acesso à Informação. A Conectas, a
Justiça Global e a Pastoral Carcerária enviaram quinta-feira (8) cartas a três
ministérios com a solicitação.
Agência
Brasil
As
recomendações foram formuladas pelo Subcomitê para a Prevenção da Tortura (SPT)
da ONU e enviadas oficialmente ao Brasil em 8 de fevereiro. O SPT visitou o
Brasil em setembro de 2011 e teve contato com autoridades brasileiras e com
representantes da sociedade civil.
O
grupo visitou centros de detenção, prisões e unidades de internação para
adolescentes em conflito com a lei, entre outros estabelecimentos correcionais.
O monitoramento da situação da tortura e de maus-tratos em unidades de privação
de liberdade é feito de acordo com o estabelecido pelo Protocolo Facultativo da
Convenção da ONU contra a Tortura.
Segundo
a diretora executiva da Justiça Global, Sandra Carvalho, o fato de o governo
não ter divulgado o relatório não quer dizer ele que omita as informações.
“Achamos que o governo demorou muito tempo para dar visibilidade às
recomendações. Achamos muito importante, porque é algo preventivo”, disse
Sandra.
De
acordo com o protocolo da ONU, as recomendações são comunicadas
confidencialmente ao Estado, que pode decidir torná-las públicas. Países como
as Maldívias, a Suécia, o Benim, México, Paraguai e Honduras publicaram as
informações. Outros, como as Ilhas Maurício, o Camboja, o Líbano, a Bolívia, a
Libéria e a Ucrânia optaram pela confidencialidade do documento.
Na
carta encaminhada aos ministérios das Relações e da Justiça e à Secretaria de
Direitos Humanos, as organizações lembram que a Lei de Acesso à Informação
estabelece um novo marco legislativo em que a transparência é a regra e o
sigilo, a exceção.
Para
o assessor jurídico da Pastoral Carcerária, José Filho, a lei reforça
especificamente a publicação de documentos referentes à violações de direitos
humanos. “A lei é clara neste sentido. Há muitos processos envolvendo agentes
públicos que tramitam em segredo de Justiça. Com a lei, isso esses processos se
tornam públicos.”
O
Itamaraty informou, por meio de sua assessoria, que há uma consulta com outros
órgãos do governo para verificar se os documentos serão divulgados. A consulta
pode demorar, mas o ministério não especificou quanto tempo. A Secretaria de
Direitos Humanos e o Ministério da Justiça foram procurados, mas não deram
retorno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário