A presidenta da Sociedade Brasileira para o Progresso
da Ciência (SBPC), Helena Nader, criticou os cortes no orçamento do governo
para as áreas de ciência, tecnologia e inovação.
Agência Brasil
“O ministério [da Ciência, Tecnologia e Inovação - MCTI]
ganhou nova função e não é possível ficar com essa letra a mais [Inovação]
mantendo o fluxo que é fazer ciência em qualquer país. Já são dois anos
consecutivos com cortes no orçamento. No ano passado, alertei que o governo
federal, ao cortar os recursos do MCTI, estaria sinalizando para os estados
mudanças de atitude, isso já está acontecendo. As fundações de apoio já estão
com menos dinheiro. Isso não está de acordo com o programa ousado, fantástico,
que somos totalmente a favor, que é o Ciência sem Fronteiras”, disse
à Agência Brasil.
O Brasil fica entre os 13 países com maior produção
científica (ranking baseado na produção de artigos científicos publicados
em revistas especializadas), mas ocupa o 47º lugar em inovação, pesquisa e
desenvolvimento. O Estado é o principal investidor em pesquisa e
desenvolvimento no país.
Em relação ao programa Ciência sem Fronteiras, Helena
Nader questionou as garantias dadas para o retorno dos pesquisadores que fazem
intercâmbio no exterior. “Temos que ter uma garantia para a volta com qualidade
desses profissionais. Mercado não falta, principalmente nas áreas de
engenharias e tecnologias, mas o retorno não é apenas para o mercado de
trabalho, mas com relação ao financiamento [de pesquisas].”
Com o programa, o governo pretende enviar 101 mil
profissionais e pesquisadores para diversos países em quatro anos. A ideia é o
governo custear 75 mil bolsas de estudo e espera que a iniciativa privada viabilize
mais 25 mil. O programa inclui desde bolsas do tipo sanduíche (em que parte do
curso é feita no Brasil e outra parte no exterior) de graduação até
pós-doutorado em 18 áreas de tecnologia, engenharia, biomedicina e
biodiversidade.
A presidenta da SBPC destacou também que a entidade não é
contrária ao sistema de cotas adotado pelas universidades públicas. No entanto,
discorda de projeto de lei que prevê reserva de 50% das vagas em universidades
a estudantes de escolas públicas por ferir a autonomia das instituições de
ensino.
“O que realmente nos preocupa bastante é o Projeto de Lei nº 180 de 2008, que está para ser votado no Senado. Ele fere a
autonomia universitária, por subordinar 50% do ingresso no ensino superior aos
critérios de cada escola de ensino médio e tira da universidade o direito de
opinar sobre o perfil de seu aluno. A SBPC nunca foi contra as cotas, até
porque as universidades já adotam o sistema há mais de oito anos”, explicou, no
encerramento da 64ª Reunião da SBPC.
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