11.9.11
Postado por
Sávio Hackradt
Eric
Hobsbawm fala do 11/9 e de um mundo sem rumo onde se quer provar o gosto da
diversidade
Laura
Greenhalgh – O Estado de S. Paulo
O
ataque às torres gêmeas do World Trade Center, há exatos dez anos, num atentado
que não só amputou a paisagem de Nova York, mas acima de tudo tirou a vida de
milhares de pessoas, acordando o mundo para tensões inauditas, foi a mais
completa experiência de uma catástrofe de que se tem notícia, afirma com
convicção o historiador britânico Eric Hobsbawm, nesta entrevista exclusiva ao
Aliás. "Porque foi vista em cada aparelho de TV, nos dois
hemisférios", justifica em seguida. Mas, quando ele coloca a mesma
catástrofe no plano maior da história das civilizações, daí faz com que
afirmação superlativa submeta-se a outras associações de ideias, que nos
convidam a pensar. E pensar muito.
Aos
94 anos, Eric John Ernest Hobsbawm mais uma vez dá provas de que o caminhar da
humanidade se faz com passos que medem séculos e a melhor unidade da história,
no seu jeito de ver o mundo, é a "era", e não os dias, os anos, nem
mesmo as décadas. Aqui mesmo, nestas páginas, ele nos contará por que acha que
já entramos na ‘era do declínio americano’, sem em nenhum momento subestimar o
país que por muito tempo ainda exportará seu formidável "soft power"
- o cinema, a música, a literatura, a moda, os estilos de vida, enfim, todo um
aparato cultural.
Hobsbawm
concedeu esta entrevista dias atrás, de regresso a Londres depois do descanso
de verão. Respondeu por escrito ao conjunto de perguntas. Ao construir as
respostas, vê-se como selecionou os exemplos que melhor ilustram seu
raciocínio, sempre com invejável disposição intelectual. Ao final do
questionário, e depois de revelar até os projetos que gostaria de desenvolver
"se fosse mais jovem", terminou a entrevista com a seguinte
afirmação: "Isso é tudo o que eu quero dizer".
Autor
de A Era das Revoluções, A Era do Capital, A Era dos Impérios e a A Era dos
Extremos, em que tece uma ‘breve história’ do século 20, questiona assimilações
como a superioridade cultural do Ocidente, por vezes invólucro de uma
arrogância histórica que hoje mal disfarça a incapacidade de entender, afinal
de contas, o que vem a ser uma sociedade tribal ou um califado. Por outro lado,
acha que a intensificação dos fluxos migratórios, levando incessantemente gente
jovem de um canto a outro do planeta, embora gere muita xenofobia, gera também
uma visão mais disseminada da diversidade do mundo. Visão que a geração de
Hobsbawm, nascido em 1917 no Egito sob domínio inglês, numa família judia mais
tarde perseguida pelo nazismo, definitivamente não teve.
Professor
(emérito) da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, e da New School for
Social Research, em Nova York, Hobsbawm só é capaz de compreender o historiador
como um "observador participante", além de se autodefinir também como
um "viajante de olhos abertos e jornalista ocasional". Chega a
recomendar aos seus leitores que tentem tomar o que ele escreve "na base
da confiança", porque embora pesquise incansavelmente, se dispensa das
referências bibliográficas sem fim e das enfadonhas exibições de erudição. Por
isso, seguramente, seu estilo é inconfundível.
Marx,
ele descobriu na juventude. Ao fixar-se em Londres, logo alistou-se no Partido
Comunista e, depois, no exército britânico, para combater Hitler. Evidentemente
Hobsbawm foi cobrado pelo método marxista de análise que ainda hoje utiliza,
especialmente quando muitos dos seus pares trataram de rever posições, a partir
do desmoronamento do mundo soviético. Em sua autobiografia, Tempos
Interessantes (lançada em 2002 pela Companhia das Letras, assim como outros
títulos importantes do autor), ele próprio já tratava de acalmar os
fustigadores: "A história poderá julgar minhas opiniões políticas - na
verdade em grande parte já as julgou - e os leitores poderão julgar meus
livros. O que busco é o entendimento da história, e não concordância, aprovação
ou comiseração".
No
livro Globalização, Democracia e Terrorismo, de 2007, o senhor passa para os
leitores certo pessimismo ao lhes colocar uma perspectiva crucial e ao mesmo
tempo desconfortante: 'Não sabemos para onde estamos indo', diz, referindo-se
aos rumos mundiais. Olhando as últimas décadas pelo retrovisor da história esse
sentimento parece ter se intensificado. Em que outros momentos a humanidade
viveu períodos marcados por essa mesma sensação de falta de rumos?
Embora
existam diferenças entre os países, e também entre as gerações, sobre a
percepção do futuro - por exemplo, hoje há visões mais otimistas na China ou no
Brasil do que em países da União Europeia e nos Estados Unidos -, ainda assim
acredito que, ao pensar seriamente na situação mundial, muita gente experimente
esse pessimismo ao qual você se refere. Porque de fato atravessamos um tempo de
rápidas transformações e não sabemos para onde estamos indo, mas isso não
constitui um elemento novo em tempos críticos. Tempos que nos remetem ao mundo
em ruínas depois de 1914, ou mesmo a vários lugares daquela Europa entre duas
grandes guerras ou na expectativa de uma terceira. Aqueles anos durante e após
a 2ª Guerra foram catastróficos, ali ninguém poderia prever que formato o
futuro teria ou mesmo se haveria algum futuro. Cruzamos também os anos da
Guerra Fria, sempre assustadores pela possibilidade de uma guerra nuclear. E,
mais recentemente, notamos a mesma sensação de desorientação ao vermos como os
Estados Unidos mergulharam numa crise econômica que até parece ser o breakdown
do capitalismo liberal.
Nações
saíram empobrecidas, arruinadas mesmo, das guerras mundiais, mas é adequado
pensar que havia naqueles escombros o desenho de um futuro?
Sim.
Se de um lado o futuro nos era desconhecido e cada vez mais inesperado, havia
por outro lado uma ideia mais nítida sobre as opções que se apresentavam. No
entreguerras, a escolha principal de um modelo se dava entre o capitalismo
reformado e o socialismo com forte planejamento econômico - supremacia de
mercado sem controle era algo impensável. Havia ainda a opção entre uma
democracia liberal, o fascismo ultranacionalista e o comunismo. Depois de 1945,
o mundo claramente se dividiu numa zona de democracia liberal e bem-estar
social a partir de um capitalismo reformado, sob a égide dos EUA, e uma zona
sob orientação comunista. E havia também uma zona de emancipação de colônias, que
era algo indefinido e preocupante. Mas veja que os países poderiam encontrar
modelos de desenvolvimento importados do Ocidente, do Leste e até mesmo
resultante da combinação dos dois. Hoje esses marcos sinalizadores
desapareceram e os ‘pilotos’ que guiariam nossos destinos, também.
Como
o senhor avalia o poder das imagens de destruição nos ataques do 11/9 a Nova
York, tão repetidas nos últimos dias? Tornaram-se o símbolo de uma guinada
histórica, apontando novas relações entre Ocidente e Oriente? Por que imagens
do cenário de morte de Bin Laden surtiram menos impacto?
A
queda das torres do World Trade Center foi certamente a mais abrangente
experiência de catástrofe que se tem na história, inclusive por ter sido
acompanhada em cada aparelho de televisão, nos dois hemisférios do planeta.
Nunca houve algo assim. E sendo imagens tão dramáticas, não surpreende que
ainda causem forte impressão e tenham se convertido em ícones. Agora, elas
representam uma guinada histórica? Não tenho dúvida de que os Estados Unidos
tratam o 11/9 dessa forma, como um turning point, mas não vejo as coisas desse
modo. A não ser pelo fato de que o ataque deu ao governo americano a ocasião
perfeita para o país demonstrar sua supremacia militar ao mundo. E com sucesso
bastante discutível, diga-se. Já o retrato de Bin Laden morto (que não foi
divulgado) talvez fosse uma imagem menos icônica para nós, mas poderia se
converter num ícone para o mundo islâmico. Da maneira deles, porque não é
costume nesse mundo dar tanta importância a imagens, diferentemente do que
fazemos no Ocidente, com nossas camisetas estampando o rosto de Che Guevara.
Mas
além da chance de demonstrar poderio militar, os Estados Unidos deram uma
guinada na sua política externa a partir de 2001, ajustando o foco naquilo que
George W. Bush batizou como ‘war on terror’. Outro encaminhamento seria
possível?
Eu
diria que a política externa americana, depois de 2001, foi parcialmente
orientada para a guerra ao terror, e fundamentalmente orientada pela certeza de
que o 11/9 trouxe para os EUA a primeira grande oportunidade, depois do colapso
soviético, de estabelecer uma supremacia global, combinando poder
político-econômico e poder militar. Criou-se a situação propícia para espalhar
e reforçar bases militares americanas na Ásia central, ainda uma região muito
ligada à Rússia. Sob esse aspecto, houve uma confluência de objetivos -
combate-se o inimigo ampliando enormemente a presença militar americana. Mas,
sob outro aspecto, esses objetivos conflitaram. A guerra no Iraque, que no fundo
nada tinha a ver com a Al-Qaeda, consumiu atenção e uma enormidade de recursos
dos EUA, e ainda permitiu à organização liderada por Bin Laden criar bases não
só no Iraque, mas no Paquistão e extensões pelo Oriente Médio.
Os
Estados Unidos lançaram-se nessa campanha sabendo o tamanho do inimigo?
O
perigo do terrorismo islâmico ficou exagerado, a meu ver. Ele matou milhares de
pessoas, é certo, mas o risco para a vida e a sobrevivência da humanidade que
ele possa representar é muito menor do que o que se estima. Exemplo disso são
as importantes mudanças que ocorreram neste ano no mundo árabe, mudanças que
nada devem ao terrorismo islâmico. E não só: elas o deixaram à margem. Agora, o
mais duradouro efeito da war on terror, aliás, uma expressão que os diplomatas
americanos finalmente estão abandonando, terá sido permitir que os Estados
Unidos revivessem a prática da tortura, bem como permitir que os cidadãos
fossem alvo de vigilância oficial. Isso, claro, sem falar das medidas que fazem
com que a vida das pessoas fique mais desconfortável, como ao viajar de avião.
Diante
dos problemas econômicos que hoje afligem os Estados Unidos, ainda sem um
horizonte de recuperação à vista, o senhor diria que seguimos em direção a um
tempo de declínio da hegemonia americana?
Nós
de fato caminhamos em direção à Era do Declínio Americano. As guerras dos
últimos dez anos demonstram como vem falhando a tentativa americana de
consolidar sua solitária hegemonia mundial. Isso porque o mundo hoje é
politicamente pluralista, e não monopolista. Junto com toda a região que
alavancou a industrialização na passagem do século 19 para o século 20, hoje a
América assiste à mudança do centro de gravidade econômica do Atlântico Norte
para o Leste e o Sul. Enquanto o Ocidente vive sua maior crise desde os anos
30, a economia global ainda assim continua a crescer, empurrada pela China e
também pelos outros Brics. Ainda assim, não devemos subestimar os Estados
Unidos. Qualquer que venha a ser a configuração do mundo no futuro, eles ainda
se manterão como um grande país e não apenas porque são a terceira população do
planeta. Ainda vão desfrutar, por um bom tempo, da notável acumulação
científica que conseguiram fazer, além de todo o soft power global representado
por sua indústria cultural, seus filmes, sua música, etc.
Não
só por desdobramentos político-militares do 11/9, mas também pela emergência de
novos atores no mundo globalizado, criam-se situações bem desafiadoras. Por
exemplo, o que o Ocidente sabe do Islã? E dos países árabes que hoje se
levantam contra seus regimes? Qual é o grau de entendimento da China? Enfim, o
Ocidente enfrenta dificuldades decorrentes de uma certa superioridade cultural
ou arrogância histórica?
Ao
longo de toda uma era de dominação, o Ocidente não só assumiu que seus triunfos
são maiores do que os de qualquer outra civilização, e que suas conquistas são
superiores, como também que não haveria outro caminho a seguir. Portanto, ao
Ocidente restaria unicamente ser imitado. Quando aconteciam falhas nesse
processo de imitação, isso só reforçava nosso senso de superioridade cultural e
arrogância histórica. Assim, países consolidados em termos territoriais e
políticos, monopolizando autoridade e poder, olharam de cima para baixo para
países que aparentemente estavam falhando na busca de uma organização nas
mesmas linhas. Países com instituições democráticas liberais também olharam de
cima para baixo para países que não as tinham. Políticos do Ocidente passaram a
pensar democracia como uma espécie de contabilidade de cidadãos em termos de
maiorias e minorias, negando inclusive a essência histórica da democracia. E os
colonizadores europeus também se acharam no direito de olhar populações locais
de cima para baixo, subjugando-as ou até erradicando-as, mesmo quando viam que
aqueles modos de vida originais eram muito mais adequados ao meio ambiente das
colônias do que os modos de vida trazidos de fora. Tudo isso fez com que o
Ocidente realmente desenvolvesse essa dificuldade de entender e apreciar
avanços que não fossem os próprios.
8Essa
superioridade do Ocidente pode mudar com a emergência de uma potência como a
China?
Mas
mesmo a China, que no passado remoto era tida como uma civilização superior,
foi subestimada por longo tempo. Só depois da 2ª Guerra é que seus avanços em
ciência e tecnologia começaram a ser reconhecidos. E só recentemente
historiadores têm levantado as extraordinárias contribuições chinesas até o
século 19. Veja bem, ainda não sabemos em que medida a cultura, a língua e
mesmo as práticas espirituais da Pérsia, hoje Irã, enfim, em que medida aquele
fraco e frequentemente conquistado império influenciou uma grande parte da
Ásia, do Império Otomano até as fronteiras da China. Sabemos? Temos grande
dificuldade em compreender a natureza das sociedades nômades, bem como sua
interação com sociedades agrícolas assentadas, e hoje a falta dessa compreensão
torna quase impossível traduzir o que se passa em vastas áreas da África e da
região do Saara, por exemplo, no Sudão e na Somália. A política internacional
fica completamente perdida quando confrontada por sociedades que rejeitam
qualquer tipo de estado territorial ou poder superior ao do clã ou da tribo,
como no Afeganistão e nas terras altas do sudoeste asiático. Hoje achamos que
já sabemos muito sobre o Islã, sem nem sequer nos darmos conta de que o
radicalismo xiita dos aiatolás iranianos e o sonho de restauração do califado
por grupos sunitas não são expressões de um Islã tradicional, mas adaptações
modernistas, processadas o longo século 20, de uma religião prismática e
adaptável.
Com
todos esses exemplos de 'mundos' que se estranham, o senhor diria que a
história corre o risco das distorções?
Apesar
de todos esses exemplos, sou forçado a admitir que a arrogância histórica
ocidental inevitavelmente se enfraquece, exceto em alguns países, entre eles os
EUA, cujo senso de identidade coletiva ainda consiste na crença de sua própria
superioridade. Nos últimos dez anos, a história tomou outro curso, muito
afetada pelas imigrações internacionais que permitem a mulheres e homens de
outras culturas virem para os "nossos" países. Dou um exemplo: hoje a
informação municipal na região de Londres onde vivo está disponível não apenas
em inglês, mas em albanês, chinês, somali e urdu. A questão preocupante é que,
como reação a tudo isso, surge também uma xenofobia de caráter populista, que
se propaga até nas camadas mais educadas da população. Mas, inegavelmente, numa
cidade como Londres ou Nova York, onde a presença dos imigrantes de várias
partes é forte, existe hoje um reconhecimento maior da diversidade do mundo do
que se tinha no passado. Turistas que buscam destinos na Ásia, África ou até
mesmo no Caribe costumam não entender a natureza das sociedades que cercam seus
hotéis, mas jovens mulheres e homens que hoje viajam, a trabalho ou estudos,
para esses lugares, já criam outra compreensão. Em resumo, apesar da expansão
de xenofobia, há motivos para otimismo porque a compreensão abrangente do nosso
tempo complexo requer mais do que conhecimento ou admiração por outras
culturas. Requer conhecimento, estudo e, não menos importante, imaginação.
Imaginação?
Sim,
porque essa compreensão abrangente é frequentemente dificultada pelo
persistente hábito de políticos e generais passarem por cima do passado. O
Afeganistão é um clamoroso exemplo do que estou dizendo. Temo que não seja o
único.
Na
sua opinião, estaríamos atravessando um momento regressivo da humanidade quando
fundamentalismos religiosos impõem visões de mundo e modos de vida?
O
que vem a ser um momento regressivo? Esta é a pergunta que faço. Não acredito
que nossa civilização esteja encarando séculos de regressão como ocorreu na
Europa Ocidental depois da queda do Império Romano. Por outro lado, devemos
abandonar a antiga crença de que o progresso moral e político seja tão inevitável
quanto o progresso científico, técnico e material. Essa crença tinha alguma
base no século 19. Hoje o problema real que se coloca, o maior deles, é que o
poder do progresso material e tecnocientífico, baseado em crescente e acelerado
crescimento econômico, num sistema capitalista sem controle, gera uma crise
global de meio ambiente que coloca a humanidade em risco. E, à falta de uma
entidade internacional efetiva no plano da tomada de decisão, nem o
conhecimento consolidado do que fazer, nem o desejo político de governos
nacionais de fazer alguma coisa estão presentes. Esse vazio decisório e de ação
pode, sim, levar o nosso século para um momento regressivo. E certamente isso
tem a ver com aquele "sentido de desorientação" que discutimos no início
da entrevista.
Apoiado
na sua longa trajetória acadêmica, que conselhos o senhor daria aos jovens
historiadores de hoje?
Hoje
pesquisar e escrever a história são atividades fundamentais, e a missão mais
importante dos historiadores é combater mitos ideológicos, boa parte deles de
feitio nacionalista e religioso. Combater mitos para substituí-los justamente
por história, com o apoio e o estímulo de muitos governos, inclusive. Se eu
fosse jovem o suficiente, gostaria de participar de um excitante projeto
interdisciplinar que recorresse à moderna arqueologia e às técnicas de DNA para
compor uma história global do desenvolvimento humano, desde quando os primeiros
Homo sapiens tenham aparecido na África oriental e como elas se espalharam pelo
globo. Agora, se eu fosse um jovem historiador latino-americano, daí eu poderia
ser tentado a investigar o impacto do meu continente sobre o resto do mundo.
Isso, desde 1492, na era dos descobrimentos, passando pela contribuição
material desse continente a tantos países, com metais preciosos, alimentos e
remédios, até o efeito da América Latina sobre a cultura moderna e a
compreensão do mundo, influenciando intelectuais como Montaigne, Humboldt,
Darwin. E, evidentemente, eu pesquisaria a riqueza musical do continente, fosse
eu um latino-americano. Isso é tudo o que eu quero dizer.
Estação Música Total
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