11.8.11
Postado por
Sávio Hackradt
Artigo publicado na revista Palumbo edição nº 13 - Julho/2011
Em 2008 a Universidade Federal do Rio Grande do Norte comemorou os seus 50 anos de fundação. Em dezembro daquele ano publiquei um artigo no Diário de Natal com o titulo “Aluisio é Doutor Honoris Causa”. Nele, disse que a UFRN havia perdido a oportunidade de conceder em vida o titulo de Doutor Honoris Causa a Aluisio Alves. No dia 05 de maio passado, fez cinco anos da morte de Aluizio. Volto de novo ao tema transcrevendo quase que ipsis litteris o texto publicado em 2008, com pequenas correções temporais.
Esses dias, soube que até hoje a UFRN ainda não concedeu, como fez com outras personalidades do RN, um título de Doutor Honoris Causa a Aluízio Alves. E, ainda mais: soube que, em 2000 – e sem sucesso –, o Departamento de Comunicação Social encaminhou ao Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) uma proposta de concessão pela UFRN do título ao ilustre potiguar, que foi governador, deputado federal e ministro de Estado por duas vezes. Independente das paixões políticas - que contaminam inclusive o ambiente universitário, que vive do exercício do debate, do contraditório, do pensar e produzir conhecimentos -, se a UFRN perdeu a oportunidade de conceder em vida o título de Doutor Honoris Causa a Aluízio Alves, que conceda agora, in-memorian, mesmo apos o seu cinqüentenário.
Nada mais justo com a história, afinal a ação política de Aluízio Alves, independente de se gostar ou não dele, de se apoiar ou não seus posicionamentos, deixou raízes profundas na educação do Estado.
Senão, vejamos: em 1945, ao lado de D. Eugênio Sales, Pe. Nivaldo Monte, Dr. Otto de Britto Guerra, Profa. Margarida Filgueira, entre outros, fundou a Escola de Serviço Social, pioneira no Norte e Nordeste e uma das primeiras do Brasil. Como deputado federal, apresentou o projeto que criou a profissão de Assistente Social e reconhecia o título como superior. Assim, a Escola de Serviço Social se tornou a primeira instituição de nível superior do Rio Grande do Norte.
Na década de 60, como governador do Rio Grande do Norte, Aluízio Alves criou a Fundação José Augusto. É inegável o papel fundamental que a FJA tem na história das artes e da cultura norte-rio-grandense desde então, incentivando a produção cultural, promovendo debates e seminários sobre os mais variados temas, assim como exposições e mostras de artes plásticas, editando e reeditando consagrados autores potiguares, como Sanderson Negreiros, Zila Memede, Berilo Wanderlei, Câmara Cascudo, Nísia Floresta, Auta de Souza, entre tantos outros.
Em 1962, o governador Aluízio Alves encaminhou à Assembléia Legislativa projeto criando a Faculdade de Jornalismo Eloy de Souza, que passou a funcionar na FJA. O primeiro vestibular aconteceu em 1963 e a primeira turma de jornalistas formados foi de 1966. Em 1974, a faculdade foi absorvida pela UFRN, passando a ser do curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo, do CCHLA.
E jornalismo não foi a única novidade em curso superior da era Aluízio: também em 1963, a FJA recebeu a Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Natal, vinculada à Associação de Professores do Rio Grande do Norte. Depois, essa faculdade desdobrou-se na Faculdade de Educação, no Instituto de Ciências Humanas e no Instituto de Letras e Artes, que em 1968 foram incorporados pela UFRN, dando início, assim, ao Centro de Ciências Humanas Letras e Artes (CCHLA). Em agosto de 1964, Aluízio Alves propôs à Assembléia Legislativa a criação da Faculdade de Sociologia e Política. Instalada em 1965, último ano do seu governo, dez anos depois (1975) foi incorporada à UFRN e transformada no curso de Ciências Sociais. Ainda no último ano do seu governo, Aluízio Alves criou o Centro de Psicologia Aplicada (CEPA), que depois foi incorporado pela UFRN e é hoje o Serviço de Psicologia Aplicada (SEPA).
Adicione-se a toda essa contribuição ao ensino universitário do Rio Grande do Norte a revolucionária experiência educacional que Aluízio Alves implantou em seu governo para o combate ao analfabetismo com o método Paulo Freire.
Aluízio Alves foi daquelas figuras públicas que faziam o cargo. Foi assim que, como deputado federal pelo pequeno Rio Grande do Norte, chegou a secretário geral da então poderosa UDN e passou a participar dos círculos políticos mais importantes do Brasil à época. Cassado pela ditadura militar, que se instalou no Brasil em 1964, amargou 10 anos de ostracismo na vida pública. Nem assim deixou de participar de importantes momentos da vida pública brasileira. Depois de sua cassação, retornou à vida pública e mais uma vez comprovou o seu talento como político: participou ativamente das articulações pela volta da democracia no Brasil e foi nomeado ministro de Estado da Administração no primeiro governo civil pós-ditadura, o de Tancredo/Sarney (1985/1989). Depois, no governo Itamar Franco (1992/1994), foi nomeado ministro de Estado, na pasta da Integração Regional.
A vida política de Aluízio Alves é longa, rica e cheia de contradições. Não é em um simples artigo, como este, que se pode mostrar toda a dimensão de sua vida pública. Paro por aqui e deixo esta tarefa para os pesquisadores e historiadores.
Mas, que Aluízio Alves é Doutor Honoris Causa, é. Não há dúvida sobre isso.
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José César Menezes da Costa says:
Sou Técnico Agrícola, onde fiz meu curso no Colégio Agrícola de Jundiaí em 1977, Colegio agregado a UFRN e, Aluízio Alves, prestou grande contribuição a este Colégio, quando deputado, pois, muitas daquelas dependencias, onde tive o prazer de conviver durante 3 anos, como também muitos Sertanejos Norte-Riograndes e até de outras regiões, teve a contribuição de AA. Calangotango, nada mais justo, acho que faltou solidadiedade pelos que fazem a tão grandiosa UFRN.