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Sávio Ximenes Hackradt

26.6.11


Sociedade, Meio Ambiente e Cidadania
Artigo da Profª. da UNP Marígia Tertuliano
Com essa frase começa o livro de Miguel Nicolélis - Muito além do nosso Eu.
Ao iniciar a leitura, senti o mesmo encantamento que a do professor Nicolélis ao seguir uma música nos corredores da FMUSP há vinte e cinco anos. O meu, ao conhecer a Sala São Paulo, meses antes do evento.
Aquele dia ficou em minha memória, pois depois de seguir um longo corredor, abrir uma porta e conhecer aquele espaço lindíssimo, “modelo de elegância funcional, porém espartana”, imaginei mil coisas, uma vez que seguir a música, para mim, teve vários sentidos.

Foto Marígia Tertuliano
Na quarta-feira, 20 de junho, segunda fila, na mesma Sala São Paulo, a música que segui foi a do conhecimento. Mais uma vez fiquei encantada por assistir, em uma noite paulista, dia de decisão de campeonato – Santos versus Penharol, um cientista brasileiro levar àquela majestosa sala de teatro mil pessoas para falar de pesquisa que leva à vida.
O que mudou? A neurociência é um tema de interesse popular? O brasileiro está estudando mais e por isso começa a discutir ciência de forma corriqueira? Que tipo de ciência? Será que futuramente teremos milhares de neurocientistas assim como o Nicolélis?
Independente das respostas individuais, uma certeza: ele revolucionou a maneira de fazer ciência. Com suas tiradas especialíssimas, tornou o tema acessível aos leigos e possibilitou que novos sonhos fossem realizados com os resultados de suas pesquisas e isso o torna singular.

Foto Marígia Tertuliano
A maneira como o cientista, torcedor do Palmeiras, falava encantava mais e mais. O silêncio na Sala São Paulo, para ouvir aquela exposição, era fruto da esperança que vislumbrava resultados positivos a algumas doenças até então sem cura. Senti muito orgulho, pois parecíamos íntimos, em virtude de sua aproximação com o Rio Grande do Norte.
Ao finalizar sua fala, Nicolélis se emociona ao dizer que “Em 2014, uma criança paraplégica de 14 anos dará o chute na bola para a abertura da Copa no Brasil”. Nesse momento o cientista se emociona e o homem encanta a todos, finalizando sua música e atendendo às questões da plateia.
Inicia-se os questionamentos. Minha pergunta foi a segunda a ser respondida e, com ela, Macaíba e o Rio Grande do Norte tornam-se singular aquele público. Segundo o cientista, a escolha de Macaíba no RN, foi realizada em virtude do encantamento pelo lugar e pela possibilidade de inclusão social que o Instituto promoverá àquela comunidade – uma das que possui o maior índice de mortalidade infantil. Como afirmou, “se der certo, aqui, dará em qualquer lugar” - imaginem a minha felicidade.

Foto Marígia Tertuliano
Enfim, valeu muito estar em São Paulo para assistir a Miguel Nicolélis, o “cyborg da oposição”, como disse Marcelo Leite, editor da Folha de São Paulo.
Além de acreditar que se tornará um épico, “Muito além do nosso Eu” nos leva a viagens intermináveis e coloca nossa mente como a orquestradora da música que queremos seguir.
Logo, sentir cada nota será fundamental para entender a partitura da vida.

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