17.6.11
Postado por
Sávio Hackradt
Dodora Guedes – Jornalista/ Artigo publicado no Nominuto.com
Sentados à mesa, essa semana, representantes do governo do estado, particularmente da área de segurança pública, prefeitura e setores da sociedade acertaram os ponteiros e anunciaram uma louvável operação de vigilância e controle permanente em Mãe Luiza, bairro que vem sofrendo muito com o abandono e o descaso com que é tratado pelas autoridades.
Pelo que se anunciou, já a partir desta semana um efetivo policial, em carros, motos e cavalos, passa a patrulhar ostensiva e permanentemente as ruas, becos e vielas do bairro, que tem assistido, entre indignada e assustada, a uma escalada crescente da violência – apenas mais um detalhe no abandono a que está relegada aquela comunidade.
Assaltos a ônibus e carros que transportam mercadorias de mercados viraram rotina nas ruas principais de Mãe Luiza, assim como são comuns, pelos seus becos e vielas de difícil acesso até para os moradores, as trocas de tiros. As mortes violentas são tão freqüentes, que viraram coisa banal, lamentavelmente, e já nem surpreendem ou comovem de forma especial.
Na raiz do problema, sabemos todos – e a polícia não pode alegar que desconhece isso – está o tráfico de drogas, em especial do crack, que tem feito um estrago grande por ali, desestruturando famílias e espalhando o terror. A operação, portanto, que se anuncia, já chega até com atraso, mas, como diz o ditado popular, antes tarde do que nunca.
E há que se registrar, com uma pitada de inconformismo, que, apesar dos problemas de violência de lá serem conhecidos de todos em Natal, a solução ontem anunciada só se deu por pressão do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano, o SETURN, já que os motoristas de ônibus passaram a não mais querer entrar em Mãe Luiza após as 18 horas, temendo a onda assaltos que se intensificou nos últimos meses – somente em maio, seis ônibus foram assaltados. Ou seja, não foi uma ação espontânea do poder público para atender às necessidades da comunidade.
E, quer saber o mais grave? Se você conversar com policiais e/ou moradores de Mãe Luiza, vai constatar que todos sabem os pontos em que os assaltos habitualmente se dão e até quem são os seus autores – em geral, jovens conhecidos na comunidade e viciados em crack à cata de dinheiro para alimentar seu vício. Como também sabem quem são e onde se baseiam os integrantes das quadrilhas de traficantes, que costumam trocar tiros sem se importar com os cidadãos comuns que transitam pelo bairro e para os quais a vida não tem o menor valor.
Mas, o que mais dói ali, mesmo, é constatar o abandono do poder público, que parece ter tapado os olhos e ouvidos para toda uma comunidade. Basta ver, por exemplo, que é em Mãe Luíza que está um dos principais focos de dengue da cidade. E, por que isso? Se você andar por lá, vai ver lixo, muito lixo, por todos os lados.
Ou seja, Mãe Luiz está de fato abandonada, esquecida pelo poder público, sofre e pede socorro. Portanto, que esta operação de policiamento ostensivo seja, de fato, permanente e eficiente, e, principalmente, que não seja apenas uma ação isolada, das muitas ações que os governantes estão devendo à comunidade, que merece todo o respeito da cidade e precisa, urgentemente, receber atenção.
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