14.6.11

Postado por Sávio Hackradt

Olhar para o próprio umbigo pode ser o melhor remédio

Artigo da jornalista Dodora Guedes - Nominuto.com

Nos últimos dias, a cidade teve suas atenções voltadas para o grupo de jovens, predominantemente estudantes, que, depois de mais uma passeata do movimento “Fora Micarla”, na semana passada, se instalou no pátio interno da Câmara Municipal, passando a exigir que os vereadores se aprofundassem na investigação de possíveis irregularidades em contratos de aluguéis celebrados pela prefeitura.

O movimento acabou ganhando robustez no final de semana, quando, em um lance desastrado, desses fadados a apenas comprometer a história, a biografia de seus autores, o presidente da instituição, vereador Edivan Martins, talvez pressionado por maus conselheiros que lhe incitavam a dar demonstrações públicas de força e autoridade, ao longo da sexta-feira passada, anunciou duas decisões polêmicas: a extinção da comissão parlamentar (CEI) que deveria investigar os contratos de aluguéis da administração municipal e a ameaça de colocar a polícia dentro da casa para retirar os jovens à força.

O resultado? O movimento ganhou força e, não tenho dúvida, mesmo terminada a ocupação, o que pode acontecer a qualquer momento, o “Fora Micarla” ganhou corpo e se tornou ainda mais conhecido da população. Se os que aconselharam Edivan, volto a repetir, de forma desastrada, desejavam desmoralizar ou esvaziar o movimento, só conseguiram mesmo foi lhe dar ainda mais credibilidade e atrair novos simpatizantes. O protesto pode até – o que é factível – não crescer em números de passeatas ou atos semelhantes, afinal, a vida continua e todos têm seus afazeres e não podem ficar os dias todos nas ruas, protestando; mas, com certeza, se chamou a atenção definitivamente da sociedade para o fato de que há algo no ar, além de aviões de carreira, e é preciso que a população esteja atenta, exija explicações e acompanhe, com vigilância cerrada, o que acontece no poder público.

Eu acho que se chamou a atenção, em especial, para o fato de que vereadores não podem simplesmente serem subservientes aos senhores de plantão no executivo, ignorando a sociedade, ignorando, sobretudo, suas funções como agentes de fiscalização e controle. Tenho, aqui, que concordar e chamar a atenção para uma declaração do advogado Marcos Dionísio, integrante da Comissão de Direitos Humanos da OAB, que tem tido papel importante nesse processo. A despeito das tentativas de se espezinhar e desqualificar os manifestantes, Marcos disse que a sociedade natalense ainda irá agradecer muito aos jovens acampados na Câmara Municipal, pois “o que eles fizeram mostra que algo está fora da realidade” e que “os jovens estão mostrando que é preciso fazer algo, apurar”.

E eu acrescento: ao invés de buscar, de forma atabalhoada e sem a menor consistência, culpados por todos os lados – como o têm feito –, os que comandam e cercam a administração municipal devem olhar para o próprio umbigo e ver ao menos como, onde e por que estão errando tanto e levando a população a tanta desaprovação.

Olhar para o próprio umbigo, neste caso, tenho certeza, pode ser o melhor remédio – além de ser a resposta que a prefeita procura para sua monumental rejeição, que ela jura não entender ou ver razões que expliquem.

14.6.11

Olhar para o próprio umbigo pode ser o melhor remédio

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