9.1.11
Artigo
Fábio Farias - jornalista
Eu tinha seis anos de idade. Sem ter muita noção das coisas que me rodeavam, acordava todas as manhãs para ver um ídolo que conquistava corações e inspirava pessoas com as quais eu conviva: Ayrton Senna. Na manhã do dia primeiro de maio de 1994, como de habitual, eu estava de pé, bem cedo, aguardando para ver outra corrida dele. Uma corrida que não terminaria.
A morte de Ayrton Senna foi marcante ao ponto de todos que viveram aquele momento se lembrar do que faziam quando a tragédia aconteceu. O choro e a comoção, unânimes, depois do anúncio do fatídico acidente no GP de San Marino, em maio de 1994, foram suficientemente fortes que se fixaram na memória coletiva do país.
Eu mal sabia quem era o piloto. Não fazia a mínima idéia dos seus feitos, ou porque ele era um ídolo. Apenas me deixei contaminar pela comoção geral dos meus pais, amigos e tios. Sei que, depois daquele dia, assistir à Fórmula 1 não era mais a mesma coisa. Não via mais a mesma graça em acordar todas as manhãs de domingo para acompanhar as corridas transmitidas pela TV Globo. O Brasil tinha perdido um vencedor de forma irreversível. O tema da vitória iria demorar a ser executado novamente.
O documentário “Senna” dirigido pelo cineasta britânico Asif Kapadia conta porque o brasileiro foi considerado o melhor piloto de Fórmula 1 de todos os tempos - em eleição realizada pela revista inglesa Autosport em 2009. E traz de volta, também, os sentimentos de comoção e tristeza que envolveram a morte, ocorrida quando o piloto ainda tinha 34 anos. A película relembra os principais fatos da carreira de Ayrton e alterna depoimentos da família, amigos e jornalistas com imagens raras.
Um deles, logo no início do filme, mostra uma entrevista antiga do piloto, com imagens do cockpit em uma corrida na década de 80. No off, Senna relatava que naquele momento não sentia que estava correndo. Em um êxtase místico – dizia -, ele guiava sua McLaren pelas estreitas ruas do circuito de Mônaco em voltas perfeitas. O transe parou quando recebeu um pedido da equipe para diminuir o ritmo. Motivo: Senna estava humilhando o segundo colocado o francês Alain Prost. Minutos depois, o brasileiro bate o carro e sai da corrida.
Prost, o principal rival de Senna, viria a protagonizar outro episódio forte para a carreira de ambos. Era o GP do Japão, em 1989. Para ser campeão, o francês precisava que o rival brasileiro não vencesse a corrida. Em atuação quase perfeita, Ayrton estava a um passo de conseguir a liderança. No momento que ultrapassava o francês, Prost jogou o companheiro de equipe para fora da pista. Sem desistir, Senna voltou para a corrida, recuperou a liderança e venceu mais uma. Deveria ter se sagrado campeão. Mas, por motivos políticos, a FIA o desclassificou.
Esse episódio, histórico na carreira de Senna, teve uma vingança por parte do brasileiro. No GP do Japão, agora em 1990, era ele que precisava que o francês não vencesse a corrida para ser campeão. Depois de fazer a Pole Position e ser surpreendido com a troca de lado no Grid de largada– Ayrton largaria do lado oposto ao traçado da pista – que tecnicamente prejudicaria o piloto brasileiro e beneficiava Alain Prost que saía em segundo, Senna não teve dúvidas: chocou sua Mc Laren com a do companheiro de equipe. Foi campeão mundial daquele ano.
A rivalidade Senna x Prost, as corridas históricas do final da década de 80 e início da de 90, entre ambos contribuíram para a popularização da Fórmula 1 ao redor do mundo. Não tardou para que Senna fosse transformado em ídolo, não só brasileiro, como mundial. O documentário explora as principais virtudes do brasileiro: a ousadia e a humildade. Um dos depoimentos mais marcantes é a do neurocirurgião Sidney Watkins, amigo pessoal de Senna, e o primeiro a atender o brasileiro no local do acidente. “Ele deu um último suspiro. Eu senti sua alma partir nesse momento.”, relata.
Estação Música Total
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