27.1.11
Depois de reinar soberana por vinte anos sob as luzes da ribalta do poder, comandando o jogo político na prefeitura de Natal e no governo do Rio Grande do Norte, a ex-prefeita e ex-governadora Wilma de Faria amarga agora uma onda de denúncias desconfortáveis, que tornam evidente o abandono político a que está legada; abandono realçado pelo silêncio sepulcral de aliados, que parecem assistir impassíveis à campanha de desmoralização política e administrativa que sua ex-líder enfrenta. De fato, os tempos que se avizinham não se prenunciam bons para Wilma de Faria.
Os processos contra o seu irmão Carlos Faria (Foliaduto) e o seu filho Lauro Maia (Higia) continuam em andamento na justiça, perturbando-a permanentemente. Já se fala até, nos meios jurídicos do estado e alhures, que devem vir pela frente processos envolvendo diretamente a ex-governadora. Ou seja, pelo que se pode vislumbrar, em relação a Wilma de Faria a terra treme, o céu é de nuvens carregadas e o mar de ondas violentas.
Como liderança política, Wilma prometeu novos tempos, em que seria palpável o rompimento com as forças tradicionais e conservadoras do estado – que ela classificou de caciques –, mas não conseguiu. Governou sempre com as forças conservadoras e não foi capaz de estimular novas lideranças políticas, nem no PSB nem em aliados. Fazia o discurso de combate aos “caciques”, mas terminava exercendo a mesma prática política deles.
As forças conservadoras que estiveram com Wilma, (2003/2010), por exemplo, na Assembléia Legislativa tinham estado antes com os ex-governadores Geraldo Melo (1987/1990), José Agripino (1991/1994), Garibaldi Filho (1995/2002). Essa turma, entra governo, sai governo, só quer mesmo estar ao lado do poderoso de plantão. Não foi diferente com ela, que prometera prática diferente.
E agora, os que lhe apoiaram ao longo dos anos, já pularam do barco e tomaram novo rumo. Tanto que o novo governo já formou maioria na Assembléia Legislativa, assim como todos os governos anteriores, com praticamente as mesmas figuras exponenciais de sempre. Na bancada federal, a nova governadora, Rosalba Ciarlini, também tem maioria. E Wilma, sem mandato, com quem vai contar? Com as deputadas federais Sandra Rosado (PSB) e Fátima Bezerra (PT)? Com os deputados estaduais Gustavo Carvalho (PSB), Larissa Rosado (PSB), Márcia Maia (PSB), Tomba (PSB) e Fernando Mineiro (PT)? Por enquanto todos estão calados. O tempo dirá o comportamento de cada um.
Dos prefeitos, Wilma, dificilmente contará com o apoio. Dependentes dos governos federal e estadual, a história mostra que os prefeitos ficam com o PG (partido do governo),seja ele qual for.
Wilma sempre fez questão de dizer que não era dona de jornais, rádios e televisões. Mas, sempre os teve nas mãos com o poder da verba publicitária do governo. Agora, sem ser dona da mídia e sem a verba publicitária, enfrentará maus momentos nas manchetes dos jornais e nos noticiários das rádios e televisões.
Os erros do governo Wilma/Iberê ainda vão servir por muito tempo de justificativa para a falta de soluções dos graves problemas que o estado tem em áreas como saúde, segurança, educação e infra-estrutura, por exemplo. E, durante esse período, o nome Wilma estará sempre na agenda negativa da sociedade.
Sem partido forte, sem aliados, sem mídia, sem mandato, a ex-prefeita de Natal e ex-governadora Wilma de Faria vai enfrentar tempos difíceis. 2011 será o ano da travessia do deserto para Wilma. Quiçá,em 2012, ela não continue atravessando o deserto sem oásis por perto.
Wilma está só, no meio da tempestade.
*Artigo publicado na edição janeiro/2011 da revista Papangu
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