3.1.11
De Luana Ferreira - Tribuna do Norte
Nem só de cabeças americanas saem ideias geniais que, de tempos em tempos, mudam – para melhor – a maneira como a tecnologia influencia a nossa vida. A sacada de Gleydson de Lima, um natalense “da gema”, foi desenvolver um único sistema que armazena todas as informações da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Gleydson de Lima desenvolveu um único sistema que armazena todas as informações da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Antes da implantação do Sistema de Integrado de Gestão (SIG), dados como as pesquisas publicadas pelos professores, as férias dos funcionários, a quantidade de café comprada e o banco patrimonial da UFRN eram armazenados em dados separados – muitas vezes em arquivos de papel – e custava tempo e dinheiro reunir tudo. Analisar aquilo, então...
Desde 2007, os alunos podem fazer matrículas online, o reitor pode saber que funcionário consumiu mais diárias ou qual o principal motivo de trancamento de determinado curso.
Em menos de quatro anos de uso, o SIG foi replicado em outras 15 instituições, entre elas o Ministério da Justiça, a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e 11 universidades federais. O Ministério do Planejamento quer estender a ferramenta para todas as instituições do Brasil. Por isso, Gleydson de Lima tem viajado mensalmente a Brasília. Da sua sala na UFRN, ele também costuma fazer reuniões com pessoas de outros estados por meio de um sistema de videoconferência.
Gleydson de Lima tem 27 anos. Ele conduz uma equipe de 120 pessoas que dão suporte e aprimoram o SIG – a maior equipe de criação de software do estado - na Superintendência de Informática da UFRN desde os 23 anos. Ele também cuida para que essa multidão não interfira na arquitetura original no sistema, uma de suas preocupações. “Como uma cabeça pensa diferente da outra, a gente tem que criar mecanismos para automatizar essa manutenção da base”, explica. A outra preocupação é ter reconhecida legalmente a autoria do SIG. A UFRN já recebeu 16 milhões de reais com a transferência de tecnologia para outras instituições. Tudo foi investido em equipamentos, contratação de pessoal e aumento de salários da Superintendência. “Na prática, as instituições investem ainda mais naquilo que está sendo repassado”, explica o diretor.
A questão dos direitos autorais começou a ser discutida neste ano. “A legislação me garantiria participações se tivéssemos feito o SIG pensando em contratos de repasse de tecnologia, mas o que a gente pensou foi no fortalecimento da universidade. A meu ver, as outras coisas viriam como consequência. Vamos ver se isso acontece”, disse Gleydson de Lima na ampla sala onde trabalha em um dos dois prédios da Superintendência.
Nerd, boa pinta, apreciador de cerveja
Bonito, comunicativo e bem vestido, Gleydson de Lima não lembra em nada o protótipo do nerd tímido e atrapalhado que ficou cristalizado no nosso imaginário. Casou-se aos 25 anos com a Raphaela, colega de curso, depois de namorar nove meninas. Gosta de filmes de ação, lê pouco, vai ao estádio, pratica esportes – no último ano emagreceu treze quilos correndo -, e prefere o convívio familiar e os churrascos de fim de semana às redes sociais. “Cervejinha pra mim é fundamental”, diz, entre risos. Nem tem facebook. Um sonho de consumo? Uma casa à beira-mar para reunir os amigos.
Mas duas coisas o separam de nós, pobres mortais: a paixão pelo trabalho e a enorme capacidade de solucionar problemas na sua área. “Eu olho para aquilo e já consigo ver o que é. É vocação total”, analisa.
O hábito de planejar a vida - “me pergunte o que farei daqui a cinco anos e eu responderei” - a teimosia, que ele vê como defeito, e o gosto por desafios também devem tê-lo ajudado a alcançar o sucesso profissional tão cedo. “Não gosto de não saber de um assunto. Não gosto de depender. Se há uma tecnologia nova e ela começa a dar problema, eu me sinto incomodado, viro duas ou três noites para resolver aquilo”.
Aos 14 anos, já criava sistemas no antigo computador do seu pai, um microcomputador 486, para ajudá-lo no comércio. Aos 16, antes de prestar vestibular, virou noites estudando a grade curricular de engenharia da computação e foi à universidade conversar com os professores para saber se era aquilo mesmo que queria. No meio da graduação, foi convidado pela Caixa Econômica Federal para ajudar na criação do software do projeto das loterias, e morou um ano em Brasília. Apesar das várias propostas de emprego (ele tinha apenas 20 anos), preferiu voltar e concluir os estudos.
Para não ficar desnivelado, fez quatro semestres em dois. “Foi a época que tive as melhores notas. Meu Índice de Rendimento Acadêmico ficou próximo a 9,5”, lembra. Concebeu a arquitetura do SIG na época da conclusão do curso. Foi o aluno laureado de 2004. Em 2006, foi nomeado pelo reitor Ivonildo Rego, com quem sempre teve bom relacionamento, diretor de sistemas da universidade.
“Meu sonho era desenvolver Natal na parte de Tecnologia da Informação. Natal é uma cidade turística e a gente vê que em TI a coisa ainda é meio complicado”.
Entrou para o mestrado e passou a desenvolver os embriões do Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (Sigaa), o Sistema Integrado de Patrimônio, Administração e Contratos (Sipac) e o Sistema Integrado de Gestão e Recursos Humanos (Sigrh), que se integram e compõem o SIG, coordenando um grupo de seis pessoas. A UFRN o apoiou, o grupo cresceu. Nessa época, ele também dava aulas na FARN, onde se tornou coordenador de pós-graduação de Sistemas Corporativos. Está no meio de um doutorado na UFRN.
A comunidade acadêmica reúne 500 mil pessoas entre alunos, professores e funcionários. Ainda não se sabe quanto o SIG trouxe de economia para a UFRN. “A gente sabe que a economia só de papel é gigante”, avalia Gleydson de Lima. Não é difícil outros ganhos: os processos foram agilizados, a burocracia ficou menor, e as informações se tornaram mais claras.
“Aquele meu sonho inicial foi feito. O que se quer que a UFRN continue o apoio durante muito tempo”, disse. Isso tem a ver com o que ele planejou para os próximos anos: ter filhos, consolidar a parte de digitalização dos processos do SIG e gerenciar a área de concurso do sistema. Além de, é claro, continuar os cursos de capacitação dos professores. “Sempre tem aquele professor que não quer ver nem o computador na frente”.
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