CALANGOTANGO não é um blog do mundo virtual. Não é uma opinião, uma personalidade ou uma pessoa. É a diversidade de idéias e mãos que se juntam para fazer cidadania com seriedade e alegria.

Sávio Ximenes Hackradt

7.11.11


Por Pedro Simões*
A Secretária Extraordinária de Cultura do Estado, Sra. Isaura Rosado, assegurou-nos recursos suficientes para a cobertura de custos com a programação cultural da Festa da Padroeira de Ceará-Mirim. No entanto, há alguns dias atrás, a secretária  da secretária nos comunicou, secamente, que a titular da pasta mandava dizer que não havia verbas para o evento.
Ora, uma gestora responsável e pontual trataria do assunto com mais cuidado. Primeiro, verificaria a disponibilidade de recursos, antes de assumir o compromisso. Segundo, consideraria prioritário esse programa, pela sua formatação e destinação econômica.
De fato, o Padre Bianor, atual pároco da cidade dos canaviais e a Academia Cearamirinense de Letras e Artes, projetaram uma nova configuração à tradicional festa religiosa, inserindo um programa cultural, representativo das manifestações mais típicas da comunidade. Tratava-se, então, de valorizar os talentos locais, ao mesmo tempo em que se abria a possibilidade de criação de um mercado consumidor para os profissionais das diversas manifestações artísticas e literárias, algo indispensável para uma economia combalida como a de Ceará-Mirim.
Além dessas vantagens, deve-se levar em consideração  que o projeto é inovador e poderia servir de modelo às nossas tradicionais festas interioranas, incorporando o elemento utilitário à devoção  religiosa, intervindo na própria economia com uma proposta alternativa. De inclusão do segmento cultural
O incidente serve para amostrar a importância da cultura no contexto do governo do Rn.
Os mais experientes agentes e animadores culturais têm advertido que o papel das entidades públicas de cultura é do mecenato, apenas. Porque é muito perigoso entregar aos organismos públicos a definição e o estabelecimento de diretrizes culturais, sem correr o risco de que os gestores públicos venham a personalizarem ou politizarem o tema.
No Rio Grande do Norte, essa advertência encontra ressonância, visto que a gestora da cultura é irmã do marido da governadora, o que a torna cunhada da chefe do executivo – sem considerarmos o fato alegado pelos colunistas políticos de que o marido da governadora age como espécie de primeiro ministro.
Atentando-se para essa eventualidade, a cultura então seria um assunto de família, sujeito às configurações e conveniências pessoais e políticas dos donatários da capitania. Em prejuízo da promoção cultural, que já é tida pelos governantes como assunto de quinta categoria. Salvo se houver na programação do “evento cultural” muito forró, quadrilha e quentão.

*Pedro Simões é professor aposentado da UFRN, onde foi pró-reitor, advogado, ex-secretário de Estado de Segurança Pública, membro da Academia Cearamirense de Letras e Artes, escritor, autor de vários livros.

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