7.10.11
Postado por
Sávio Hackradt
O
movimento norte-americano contra a desigualdade social nos Estados Unidos
ganhou um aliado de peso, a AFL-CIO, a antes toda poderosa organização
sindical, que se encontrava em período letárgico, desde a morte de seu lendário
presidente, George Meany, um pragmático e anticomunista, que se somava a
qualquer governo.
Por
Mauro Santayana
Movimento ocupar Wall Street nos Estados Unidos ganha apoio sindical/ crédito occupywallst.org |
A
retirada de Meany, em 1979, depois de 14 anos de mando, e sua morte, logo em
seguida, coincidiram com a eleição de Reagan, o fim do welfare state, o
thatcherismo, o neoliberalismo e a globalização da economia – enfim, com o que
está aí. Não que Meany fosse exatamente um progressista, uma vez que o
movimento sindical declinou sob sua liderança, mas o fato é que, ainda assim, a
confederação de sindicatos dispunha de forte presença política.
Para
os trabalhadores dos Estados Unidos, reduzidos os empregos e salários, a
rearticulação de seu movimento sindical é uma esperança. Para os manifestantes
contra Wall Street, que começam a assustar os meios conservadores do grande país,
trata-se de uma aliança necessária, não para destruir o sistema capitalista,
mas para que o Estado volte a domar as atividades econômicas e restaure as
regras do jogo, nas relações entre o trabalho e o capital.
Elas
nunca foram justas, mas eram pelo menos suportáveis. A reação dos leitores do
New York Times, divulgada em sua edição on-line, de ontem, é significativa. A
imensa maioria dos comentários é de solidariedade com o movimento; e de
protesto contra a renovada e crescente injustiça social do mais poderoso país
do mundo.
Um
leitor de Nova Iorque se diz sem saber o que fazer, porque não pode deixar o
trabalho, a fim de participar das manifestações, nem dar parte de doente,
porque necessita de atestado médico, mas deixa claro que “os republicanos que
dizem que a regulamentação impede a expansão dos negócios, não passam de um
monte de esterco de cavalo”. E acrescenta que gostaria de não usar mais o Chase
e o Citibank, mas não pode. E termina mandando um recado para Washington e Wall
Street: o povo está enraivecido e todos querem respostas contra o seu sistema
corrupto.
Talvez
seja ainda cedo para tocar finados pelo sistema capitalista. Ele é
intrinsecamente astuto e, quando percebe que a situação está quase perdida,
recua, concede alguma coisa aos trabalhadores, reduz seus ganhos, sacrifica
alguns peões – e volta a imperar. Quando chega a oportunidade, recupera a posição
anterior e volta à sua diretriz, de obtenção do maior lucro, com o aumento da
carga de trabalho e a redução ao extremo dos salários. Muitos leitores
consideram que é urgente colocar freios no capitalismo, sobretudo o financeiro.
Enfim,
e de acordo com a sucinta observação de outro leitor, é preciso retornar ao
contrato político inicial dos Estados Unidos, que previa a busca da igualdade
entre todos os seus cidadãos.
Quando
o governo impõe suas regras, como as impôs durante a administração Roosevelt e,
de uma forma ou de outra, continuou a impô-las, até 1980, a prosperidade se faz
sem o sacrifício insuportável dos trabalhadores. Os 48 anos de New Deal
permitiram uma vida confortável para os norte-americanos e possibilitaram o
fortalecimento bélico dos Estados Unidos, embora com a desapiedada exploração
de outros povos.
As
crises cíclicas do capitalismo, conforme a conhecida teoria de Kondratiev, são
explicáveis em uma equação simples: maior renda para poucos e quase nenhuma
renda para a imensa maioria correspondem a uma diminuição do consumo de bens, e
essa diminuição do consumo atinge os produtores, no círculo vicioso que leva ao
desemprego e à correspondente falência dos negócios. Enfim, sem salários não há
consumo, sem consumo não há lucros, sem lucros, não há capitalismo.
O
sistema bancário é o eixo da economia capitalista. Mas, no caso americano – que
passou a ser o modelo mundial – desde a criação do FED, em 1913, os controladores
fizeram da administração da moeda um segredo quase religioso. O famoso
banqueiro Nicholas Biddle, que se opôs ao Presidente Andrew Jackson, e foi por
ele derrotado durante seu mandato (1828-36) dizia, insolentemente, que seu
banco – que tinha o privilégio da emissão da moeda – não tinha satisfações a
dar, quer ao governo, quer ao público. Em 1829, antes que o conflito se
agravasse, um grupo de cidadãos de Filadélfia (três jornalistas, um grande
homem de negócios e dois líderes do incipiente movimento sindical) se reuniu,
para discutir o problema bancário, e concluiu, em análise atualíssima do
sistema:
“Os
bancos são úteis, como instituições de depósito e transferências, admitimos sem
qualquer dúvida, mas não podemos ver como esses benefícios que conferem possam
ser assim tão grandes a ponto de compensar os males que produzem, na criação de
artificial desigualdade da riqueza, e, por meio dela, de artificial
desigualdade de poder” ( Free Trade Advocate, 9 de maio de 1829, citado por
Arthur Schlesinger, Jr. em The Age of Jackson, 1945).
Troquem-se
os nomes de Nicholas Biddle, o arrogante banqueiro de Filadélfia, pelo dos
dirigentes do Goldman Sachs, e o de Jackson pelo de Obama, e temos situação
semelhante – com uma diferença. Jackson era Jackson, que peitou os banqueiros e
os venceu, com a fragmentação do sistema e o surgimento dos pequenos e médios
bancos estaduais, possibilitando a grande expansão industrial dos oitocentos. E
Obama é apenas uma esperança quase desfeita.
Mas
hoje, como os fatos mostram, as massas podem reunir-se rapidamente, graças à
comunicação instantânea – e, apesar da repressão - dizer o que pensam da
realidade e exigir as mudanças.
Estação Música Total
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