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Sávio Ximenes Hackradt

7.6.11


Neste último domingo (5), o "tremendão" Erasmo Carlos comemorou 70 anos de vida, desses, mais de 50 dedicados à música. Sua carreira começou no início dos anos 60 com sua primeira banda, os Snakes, passando pelo marcante grupo da música brasileira, Renato e Seus Blue Caps.
Foi em 1962, quando os Blue Caps fizeram uma participação na gravação de ‘Splish Splash’ do cantor Roberto Carlos, que começou uma das parcerias mais históricas da música brasileira.
Erasmo, Roberto e a cantora Wanderléa formaram o trio de apresentadores de Jovem Guarda, programa que estreou em 1964 e popularizou o rock and roll, com forte influenciou do iê-iê-iê vindo da Inglaterra.
De lá pra cá, Erasmo gravou discos antológicos para a música brasileira nos anos 1970, teve produção musical pouco mais esporádica nos anos 80 e 90. Leia abaixo artigo sobre Erasmo:
Erasmo 70 anos – Uma história de fidelidade ao velho rock
Por Gilvandro Filho, em Algo Mais
O surgimento da Jovem Guarda representou um marco na chamada música jovem brasileira. Liderado por Roberto Carlos, um grupo de compositores e intérpretes iniciou um movimento que mudaria muita coisa na música nacional. Sim. Por mais que muita gente torça o nariz quando fala no assunto – principalmente aqueles que fazem de tudo para posar de elite e de vanguarda, mesmo nem sempre conseguindo.
Queiram ou não, a Jovem Guarda deixou muitos frutos. Claro que nem todos excelentes. Muitos, na verdade, foram muito ruins. Mas, muita coisa boa ficou, como lembrança e como influência musical para as gerações seguintes.
Entre os que compõem o lado rico da JV, o carioca Erasmo Carlos, sem dúvida, foi um dos principais representantes. Fez uma dupla histórica com Roberto, com quem compôs centenas de canções, muitas (mas muitas, mesmo) memoráveis e antológicas.

Evidentemente, nem todas as músicas de Roberto-Erasmo são realmente dos dois. Assim como a dupla Lennon-McCartney responde pela maioria dos hits lançados pelos Beatles. Nos dois casos, os artistas atuavam em sociedade. Às vezes compunha juntos, às vezes assinavam juntos a criação de um ou de outro.
Os primeiros registros da carreira de Erasmo Carlos remontam ao “conjunto” The Snakes, uma dissidência de outro grupo de garagem, o “Sputniks”, que acabou quando o conterrâneo Tim Maia e o capixaba Roberto Carlos Braga brigaram e mandaram um ao outro para o inferno.
Com os Snakes, Erasmo chegou a gravar um 78’rpm (aqueles bolachões pré-históricos, com uma música de cada lado e rodando bem ligeirinho, em 78 rotações) e um “compacto simples”, ambos pela pernambucana Mocambo (Rozenblit), na época uma das maiores gravadoras nacionais. Pela CBS, gravaram um LP chamado “Só Twist” (1961), se dissolveram depois disso. Um ano depois, Erasmo foi chamado para ser “crooner” de um grupo que estava para gravar o seu primeiro disco. O nome desse grupo era “Renato & Seus Blue Caps”.
Essa fase de crooner marcaria mais do que a volta da convivência musical entre Erasmo e Roberto. Renato e sua turma acompanharam Roberto na gravação do primeiro sucesso do futuro “Rei”: a versão de “Splish Splash”, feita pelo próprio Erasmo. Nesse mesmo tempo, nasceu a parceria “Roberto-Erasmo Carlos”.
Muito mais “rock´n´roll” do que o parceiro, amigo de fé, irmão e camarada Roberto (sempre pop e romântico), Erasmo foi da sua turma quem mais inovou e, em certa medida, polemizou. Além da porção de rocks que gravou, com sucesso, aina flertou com outros gêneros e com temas então considerados tabus.
Com o Trio Mocotó, plantou as bases do samba-rock em “Coqueiro Verde” (1970). Lançou alerta pela salvação do planeta “1990 – Projeto Salva Terra” (1974). Bradou pela preservação do meio ambiente e de sustentabilidade quando o tema ainda nem era moda em “Panorama Ecológico” (em 1978). Encantou o mulherio, homenageando a própria mulher, Narinha, em “Mulher-Sexo Frágil” (1981). Fez até um rockaço em louvor da primeira transexual brasileira, Roberta Close (“Close”, 1984).
E fez tudo de forma verdadeira e com a mesma dignidade com que encarou uma plateia de metaleiros fanáticos no Rock In Rio de 1985. Só porque o nosso herói é um roqueiro – um dos maiores do Brasil, claro -, a produção do evento inventou de botar ele para se apresentar no mesmo dia em que ícones da porrada, como AC/DC, “Whitesnake” e “Iron Maiden”. A turba não perdoou Erasmo e vaiou o show do começo ao fim. Ele deu o seu recado, riu da molecada e foi embora, inabalável.
Erasmo lançou LPs memoráveis, como “Banda dos Contentes”, aberto com o hit “Filho Único” (aquele do erro inacreditável de concordância – “Hey, mãe / Não sou mais menino / Não é justo que também queira/ Parir meu destino / Você já fez a sua parte / Me pondo no mundo / Que agora é meu dono, mãe / E nos seus planos não ESTÃO você…”), ou “Erasmo Carlos convida”, com duetos com grandes nomes da MPB. Até o mais recente trabalho, de 2010, onde o “Tremendão” surge em plena forma a bordo do sugestivo título “Rock’n’Roll”.
Ocorreram alguns equívocos e LPs absolutamente esquecíveis, tudo bem. Mas, no momento em que se festeja os 70 anos dessa figuraça, fatos como esse são de só menos importância.

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