“COISAS
DA VIDA”
Por
Leide Franco* (@LeideFranco)
Quinta-feira
passada, dia 26, o sol escaldante e o calor insuportável eram amenizados pela
brisa que circulava Natal, próximo à mata atlântica que faz parte do espaço
onde construíram o 16º Regimento de Infantaria (RI), na Hermes da Fonseca,
Tirol. Essa Avenida de tráfego intenso e motoristas apressados teve o fluxo
interrompido por um bicho de mais ou menos 1 metro de comprimento, de cor verde
escura, quase cinza. Era uma iguana sem pressa.
O
bicho saiu do RI e resolveu atravessar a rua, só ele sabia para aonde ia – ou não.
Acredito que muitos carros devem ter passado por cima dele enquanto atravessava
a faixa direita da pista, mas quando chegou ao meio, entre as duas faixas, a
situação ficou tensa. Um celta preto freou o pneu direito a um centímetro da
cabeça do bicho. A freada foi tão brusca que o motorista deve ter suado frio.
Sem saída, o homem ficou lá parado dentro do carro, esperando que o pobre bicho
resolvesse concluir o percurso.
A
falta de ação do homem que dirigia aquele carro era proporcional à ação do
bicho que não saía do canto, diferentemente dos 20 condutores que tiveram que
parar atrás dele, buzinando sem fim, como se a buzina fosse abrir o caminho. Até
que um motociclista resolveu parar a moto no acostamento, tirou o capacete e
partiu para agarrar o pobre animal. Quando o rapaz tentou segurar o bicho pela
cauda, ele escapou em uma pressa que nem parecia partir dele. Acabou se
afastando o suficiente para se esconder bem debaixo do carro, longe do alcance
das mãos do seu “caçador”.
Sem
desistir, o motociclista fez um contorcionismo, se deitando no chão na
tentativa de pegar o pobre animal, quando mais uma vez ele correu em direção à
parte traseira do carro, escapando. De dentro dos carros de vidros fechados e
ar condicionado gelando o calor, os motoristas, sem saber o que acontecia,
buzinavam, buzinavam, buzinavam a ponto de ensurdecer qualquer pessoa, as
buzinas são suas armas. Nesse meio tempo deveria ter se passado não mais que
dois minutos, tempo suficiente para formar um corredor enorme de carros parados
na faixa esquerda, e depois na faixa direita, já que uma das pessoas que
dirigia naquela avenida, resolveu parar para ajudar o coitado do homem que
tentava capturar o bicho. Aí foi que o mundo parou naquele instante...
Nunca
vi um congestionamento tão grande se formar em tão pouco tempo. Nunca vi tanta
gente irritada sair dos seus automóveis para saber o que estava acontecendo já
que o tráfego parou daquela forma, sem mais nem menos. Nunca ouvi tanta
buzinada junta em toda minha vida. Nunca tinha visto tanta gente impaciente em
uma parte só. Toda a celeuma só parou quando enfim o motociclista conseguiu
pegar o bicho e erguer como se fosse um troféu, sendo assim, o trânsito voltou
a fluir tranquilamente. Enquanto em sua calma a iguana ganhava de volta seu
habitat, o trânsito seguia cheio de pessoas furiosas quando perdem dois minutos
do dia, e com eles seguia a eterna falta de paciência.
*Leide
Franco - Comunicadora com pretensões literárias;
Um
pouco de filosofia e reflexões cotidianas;
Um
muito de MPB
E
quase nada do que ainda quero ser.