CALANGOTANGO não é um blog do mundo virtual. Não é uma opinião, uma personalidade ou uma pessoa. É a diversidade de idéias e mãos que se juntam para fazer cidadania com seriedade e alegria.

Sávio Ximenes Hackradt

30.10.11


Louise Marinho*
Sempre gostei de coisas fúnebres. Cemitérios, igrejas, morte. E mais, doenças, médicos, hospitais, agulhas, sangue, enfim. Chegava a ter prazer em ouvir que fulano de tal, da minha família por exemplo, estava doente, ou melhor ainda, tinha piorado. “Vai ter que internar”, viva! 15% de mim sempre torcia pra que meu diagnóstico fosse de algo grave, ou que pelo menos me resultasse numa internação, num sorinho...Sempre me pegava imaginando no enterros de familiares e/ou amigos. Que roupas eu usaria no enterro da minha mãe? (inclusive já sei, será algo branco), batom vermelho é muito pra o funeral de papai?
A coisa era tão louca, que uma dia resolvi falar com meu psiquiatra sobre isso, vai que tinha algo a ver com meu TOC, Transtorno de pânico. Ou quem sabe to surtando mesmo. Bem, Márcio (o médico), fazendo ‘pouco caso’, disse: hã?? Ah, porque você não vai fazer medicina ou virar gótica, aquele povo que se veste de preto e vai pro cemitério...
Vou morar sozinha na Espanha, e acreditem o meu medo era de perder algum enterro.
Cerca de um mês depois morando por aqui, minha mãe me liga falando da internação da minha avó numa UTI, e do estado vegetativo da minha tia avó. Após terminar a ligação, eu parei, gelei. E agora? se acontecer algo? Não é um enterro que eu vou perder, é alguém... E isso veio em mim de uma forma inédita e inexplicável. Pensei na minha mãe também, que apesar de tudo o que devia estar passando, ainda devia estar se reunindo com minha família pra ver como me daria as tais notícias. Meu coração acho que ficou gelado, e eu fui andar por aí... e não passava, nada. Hoje, não consigo nem pensar em pensar num hospital, soro, agulha. É ruim.
Acho que o que aconteceu comigo foi bem aquilo de ‘quando levar um susto, aprende!’
 Minha avó está bem, o coração esquenta quando a vejo. Já Dedê, não sei, talvez esteja vegetando ainda, ou quem sabe já morreu e minha mãe não sabe como dar essa notícia a mim, que estou há um oceano de distância.
*Louise Marinho, 21 anos, de Natal, estudante, está na Espanha para cursar um semestre do curso de Publicidade e Propaganda. Foi chamada pra falar um pouco das suas impressões e vivências madrilenas por aqui, no Calangotango. Mas avisa que “na Comunicação Social sou apenas uma estudante, aspirante a redatora”.
Quanto as suas outras qualificações, habilidades e virtudes, querendo saber, procurem no louisemarinho@hotmail.com
Bem, divirtam-se com a Louise aqui no Calangotango.
Ela estará por aqui duas vezes por mês.

0 comentários:

Postar um comentário


Estação Música Total

Últimas do Twitter



Receba nossas atualizações em seu email



Arquivo