CALANGOTANGO não é um blog do mundo virtual. Não é uma opinião, uma personalidade ou uma pessoa. É a diversidade de idéias e mãos que se juntam para fazer cidadania com seriedade e alegria.

Sávio Ximenes Hackradt

15.10.11



Artigo de Luise Marinho *
Pois então, dia 25 de setembro em Madrid, aconteceu o brazilian Day. Eu, pra variar, influenciada pelas amigas e quase todos os brasileiros que conheço aqui, fui. Chegando pensei, não deveria ter vindo. Veja só: Pegamos um ônibus e dois metrôs. Gente, o que era aquele metrô. Ele começou a andar por lugares esquisitos, só via árvores, cercas e pixações. Nas baldeações começamos a nos encontrar com chilenos e mexicanos, e só eles. Nesse caso era negativo, sabemos que eles moram nos bairros mais afastados, e perigosos. Sem falar na cara deles que, preconceituosamente mesmo, dão um certo medo. E continuamos por caminhos estranhos (a viagem foi quase toda por superfície). Bem, chegamos. Cruzamos um parque enorme e abandonado, durante uns dez minutos. Ai, chegando no que deveria ser o evento (já com umas 4 horas de atraso), encontramos meia dúzia de gatos pingados, e a minha certeza de que não deveria ter ido.
Sorrisos surgiram, quando descobrimos coxinha e guaraná Antártica, por ‘apenas’ 6 euros. Vale, já estou aqui, vou. O povo logo começou a beber, eu, a observar.
Era um subúrbio, a estrutura até bonitinha, mas cheias de falhas, passavam vídeos no palco com músicas estranhas e que paravam o tempo todo. Em pouco tempo uma bailarina de sapatilhas verde e amarelas começa a dançar, sim era deprimente. Depois, rolou Monobloco (cheio de falhas) no telão, resolvi me entregar. É que há muito precisava de um samba, meus pés não agüentaram quietos, logo me animei.
Meus amigos já animados vieram e começaram a curtir entre si, camisas e bandeiras brasileiras. Nesse meio tempo foi chegando mais gente, uma gente meio estranha... havia um senhor branquelo avermelhado tirando foto de nós e dos outros, com uma cara de espanto, alegria. Pronto, éramos os brasileiros, os humanos que vivem como macacos na floresta amazônica. Os primeiros shows foram começando, e mais macacos chegando, encheu. Eu olhava e dizia pra mim mesma, “gente, parece muito aqueles shows da Praia do Meio, esse palco, essa gente, essas bebidas.” E era mesmo, Praia do Meio, Zona Norte, Pelourinho e todos esses lugares que muitos só conhecemos por exatamente este estereótipo.
Como eu disse, meus amigos já mais pra lá do que pra cá, curtiam, eu influenciável e em busca de diversão me animei de verdade, e fui tentando e começando a aproveitar. Duas músicas depois eu já cantava, dançava e até acenava com a bandeira do Brasil.
Olhando ao meu redor estavam todos felizes, orgulhosíssimos de serem brasileiros. Ali eu achava negros, índios, sertanejos, putas, piriguetes e patricinhas. Eu estava no Brasil. No Brasil mesmo, aquele que como diz minha mãe é o “Brasil Real”. Bebida, música e gente, todo tipo de gente.
E é assim o Brasil visto pelos espanhóis, o Brasil visto aqui de fora, e é esse o Brasil. Sabe aquilo de que quem está fora da situação a enxerga melhor? Vale! Assim foi. E foi assim também que soube, que ir a essa festa foi o melhor a ter sido feito, naquele domingo de sol.
*Louise Marinho, 21 anos, de Natal, estudante, está na Espanha para cursar um semestre do curso de Publicidade e Propaganda. Foi chamada pra falar um pouco das suas impressões e vivências madrilenas por aqui, no Calangotango. Mas avisa que “na Comunicação Social sou apenas uma estudante, aspirante a redatora”.
Quanto as suas outras qualificações, habilidades e virtudes, querendo saber, procurem no louisemarinho@hotmail.com
Bem, divirtam-se com a Louise aqui no Calangotango.
Ela estará por aqui duas vezes por mês.

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