CALANGOTANGO não é um blog do mundo virtual. Não é uma opinião, uma personalidade ou uma pessoa. É a diversidade de idéias e mãos que se juntam para fazer cidadania com seriedade e alegria.

Sávio Ximenes Hackradt

21.11.11


"Coisas da vida" - Por @LeideFranco*


O medo é aquele grão cisco que trave dentro da gente
O medo é o esconderijo daquele mais carente
O medo é uma loucura crescente
O medo é fugir com medo do medo que você sente
O medo é e pode ser a prisão com sua própria corrente

Nada que sentimos existe por uma causa sem causa. O medo também é considerado uma forma estranha de proteção. É como se o sentir medo levasse-nos a pensar uma, duas, três vezes antes de agir. É um estado iminente de que algo (ruim) pode acontecer, quase sempre com você. É uma sirene que liga nossos sentidos e nos deixa em estado máximo de puro alerta e prontos para encarar, se defender ou fugir para o mais longe que houver.
O medo é fisiológico, psicológico e químico. Ele injeta doses generosas de adrenalina no corpo. Os sintomas são reconhecidos pela aceleração cardíaca, pelo tremor incontrolável que desconcerta as pernas, as mãos e pelo suor que resfria o corpo e também por aquele frio inexplicável que sobe pela espinha. Para o medo, os olhos são a moldura mais visível. As pupilas se dilatam e se acendem como faróis que rompem o escuro.
É esse mesmo medo que faz qualquer pessoa com um metro e meio de altura pular um muro com o dobro do seu tamanho, que faz qualquer sedentário correr como se fosse atleta. É o mesmo que faz mentir, calar, falar demais... Porém, esse não é o mesmo medo que faz você se prender no passado. Não é o mesmo medo que faz alguém ter como referência o medo do medo do medo. É esse medo que impede de perder o medo. E para não falar mais de tanto medo, reinvento um medo que o chamo de AMOFOBIA.
Talvez seja um bichinho pequeno que se instala invasivamente nas vias vitais da gente, na parte mais funcional do nosso corpo como um método contraceptivo do sofrimento. Talvez seja um monstro fantasma que vem do passado e assusta ou ainda, talvez, seja apenas um anticorpo que reconhece e rejeita.

Amofobia pode ser um receio...
Amofobia pode ser um bloqueio...
Amofobia pode ser a chave do armário...
Amofobia pode ser o poço no qual o amor está afogado...

Pode ser tudo e mais.
Amofobia rima com covardia.
Amofobia não é sintoma egoísta. Você vai depender de outra pessoa para sentí-lo.
O amofóbico quando assim se mostra, assina um atestado de óbito do coração, órgão que mais sofre com essa doença. Pasmem! Amofobia só pode ser mesmo um vírus ou uma bactéria. E é contagioso. Ninguém está acometido por esse corpo estranho sem que não tenha adquirido de outro ser tão igualmente estranho. Amofobia é transmitido pelos cinco sentidos, principalmente pelo contato, tato. Uma vez infectado, talvez nunca mais seja curado.
E se ainda não expliquei o que é isso – esse neologismo, relato uma história que ouvi de um amigo hoje e pela qual inventei a tal da
AMOFOBIA:
ELE: mulheres têm mais medo de amar que os homens?
EU: Sim. Mas acredito que as mulheres se permitem mais. Tipo: ela tem medo, mas se arrisca por sempre achar que vai valer a pena. O homem medroso foge léguas de compromisso, fica só no "se aproveitando" até quem sabe um dia cansar. (opinião bem minha, entenda).
ELE: Vale a pena permitir-se amar mesmo com as amarras do passado entrelaçando seu coração?
EU: Amar sempre vale a pena... Só penso que não vale quando se ama só, mas se houver o mínimo de retribuição da outra parte, vale sim.
ELE: Sei...
EU: Faz parte da vida dos amantes. Acho que o pior amor é o não correspondido...
- Talvez essa seja a causa real e a mais abstrata da AMOFOBIA.
Continuando...
ELE: Esse é mesmo o pior.
ELE: Então concluímos: O amor é pedra jogada na lua que pode ter um destino certo?
EU: Eu não seria tão metafórica. O amor é aquilo que faz superar.
ELE: Perfeito!
EU: É aquilo que vai além do que você tem. É aceitação e troca.
ELE: É a vontade de gritar pra o mundo todo, né?
EU: Exato! Quem ama não consegue esconder.
ELE: É acordar e dormir com pensamento fixo.
EU: E no meio disso ainda ter tempo para sonhar...
ELE: É ouvir uma música e comparar ao máximo a sua história. É estar ali e imaginar como seria se ela (ele) estivesse ali também. É voar sem tirar os pés do chão. É estar e não estar ali de fato. É pensar que quando toca o telefone é ela (ele) e quando vê que não é, ensaia uma pequena decepção.
EU: É morrer de amor e continuar vivo...
(...)
Pausa longa por falta do que dizer...
Então peço perdão se não consegui explicar o que é Amofobia... É que nem todos os dias se reinventa e se refaz uma palavra fobia...

*Leide Franco
Comunicadora com pretensões literárias; 
Um pouco de filosofia e reflexões cotidianas; 
Um muito de MPB
E quase nada do que ainda quero ser. 
Escreve todas as segundas-feiras.

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