26.10.12
Postado por
Sávio Hackradt
Um tema recorrente quando se debate a política
municipal brasileira é o baixo nível político dos representantes locais.
Trata-se de uma evidência, irrefutável.
Por Bruno Lima Rocha*
A baixa compreensão da política nota-se de forma
exagerada, especialmente em momentos de campanhas, com destaque na disputa para
vereança.
Embora reconheça este aspecto como uma deficiência de
nossa democracia, o problema não se supera por decreto. É preciso uma série de
movimentos, dentre eles a polêmica necessidade de uma formação política prévia.
Idealmente, uma república formaria cidadãos plenos de
direitos e deveres, e seria dotada de instituições formadoras de uma cultura
cívica. Assim, o treinamento para a política seria parte da educação pública,
massiva e universal, incluída nos currículos escolares, ao menos do ensino
médio.
Ao massificar a compreensão das disputas sociais por poder
e recursos, as maiorias estariam em condições de se contrapor às oligarquias
partidárias, quebrando a estrutura que tende a reproduzir elites políticas.
Entendo ser simplesmente impossível o aumento da
participação política se esta não for precedida de no mínimo três aspectos:
formação massiva, tendo como base os direitos constitucionais; a organização social,
promovendo as lutas reivindicativas e mecanismos institucionais de consulta
pública, como plebiscitos e referendos para as decisões fundamentais de uma
sociedade.
Pois bem, o tipo-ideal de formação para a política narrado
acima é justamente o oposto do que ocorre no mundo real.
Para piorar o modelo, a massificação da concorrência
política se verifica nas disputas municipais, onde impera o senso comum e a
cultura política dominante. Esta é, hegemonicamente, paroquiana, localista,
clientelista e movida por interesses e pautas imediatas.
A contradição está aí. As minorias organizadas, em tese,
teriam de transformar a sociedade, e não simplesmente reproduzir os
comportamentos já estabelecidos.
No jargão da política profissional, os candidatos a
vereança “amassam barro com poeira”, recrutando as energias sociais existentes
(como clubes de mães, times de várzea, escolas e blocos de carnaval), muitas
vezes apelando para interesses familiares no apoio a suas candidaturas. É esta
a base do clientelismo de baixa intensidade.
Romper com este mecanismo cruel é condição prévia para
melhorar o nível da política brasileira. Sem a massificação de uma cultura
participativa, teremos a permanência e a naturalização dos grotescos
espetáculos observados nas campanhas municipais do país.
*Bruno Lima Rocha é cientista político
Estação Música Total
Últimas do Twitter
Arquivo
-
▼
2012
(1376)
-
▼
outubro
(49)
- 147 corporações controlam a economia do mundo ocid...
- No país, 66 milhões desistiram de buscar emprego
- No 1ª Enem pós-Lei de Cotas, 54% dos inscritos são...
- Mazelas das campanhas municipais
- Milhas aéreas viram moeda e criam um mercado de R$...
- Copa pode impulsionar exploração sexual de menores...
- Brasil reduz desigualdade entre sexos
- Governo federal vai distribuir 1 milhão de bafômet...
- Comissão da Verdade analisa inquérito sobre morte ...
- Mortalidade feminina cai 12% nos últimos dez anos
- Polícia Federal prende ex-presidente do Banco Cruz...
- Empresas assumem projetos de educação para suprir ...
- Tecnologia digital está ajudando no mapeamento da ...
- No Brasil, punição para furto é mais severa que pa...
- Surge uma nova classe média global
- STF conclui nesta semana último capítulo do mensalão
- Mais de 30% das mulheres terão osteoporose após a ...
- Inca lança game para conscientizar jovens sobre os...
- Comissão Nacional da Verdade vai buscar informaçõe...
- Censo 2010: apenas 52,2% dos lares são considerado...
- Mulheres já são chefes de família em 37% dos lares...
- Mais da metade das brasileiras desconhecem necessi...
- Oneomania, a doença do consumo compulsivo atinge b...
- Comissão Nacional da Verdade ouve militares perseg...
- Governo estuda inclusão de negros no funcionalismo
- Abrir uma empresa no Brasil pode levar até 119 dias
- Justiça julga pilotos norte-americanos do Legacy q...
- Um país sem alma
- Decreto regulamenta Lei de Cotas
- Cientistas brasileiros e suecos identificam mecani...
- Em visita ao Brasil, ativista indiano alerta para ...
- Brasileiros devem gastar R$17,75 bilhões em bebida...
- Número de mulheres eleitas em todo Brasil registra...
- Regulamentação da Lei de Cotas deve sair nesta 4ª
- TSE faz esforço concentrado para julgar casos da F...
- Pesquisa lista hábitos 'mais irritantes' ao celula...
- Novos prefeitos terão de lidar com escassez de rec...
- Um final pouco feliz
- TSE estima que apuração das eleições estará conclu...
- Pais consideram que crianças usam internet com seg...
- Suspensão de 301 planos de saúde passa a valer a p...
- TSE reitera que Lei da Ficha Limpa se estende a vá...
- STF derruba tese de que mensalão foi caixa 2 e pun...
- Mundo terá mais de 1 bilhão de idosos em dez anos,...
- Uma rosa para Hebe
- Eleições: Redes sociais serão armas para conquista...
- STJ voltará a discutir se estupro é crime hediondo
- Pobreza extrema no Brasil caiu 5,5% de 2009 a 2011
- Muito cuidado com o ‘boca a boca’ virtual
-
▼
outubro
(49)
0 comentários: