CALANGOTANGO não é um blog do mundo virtual. Não é uma opinião, uma personalidade ou uma pessoa. É a diversidade de idéias e mãos que se juntam para fazer cidadania com seriedade e alegria.

Sávio Ximenes Hackradt

31.10.11


“Coisas da Vida” – @LeideFranco*
Aprendi em uma das minhas aulas na universidade, a diferença entre os termos quantitativo e qualitativo aplicados na questão da opinião pública – mídia e espectadores. Quantitativo: números que apresentam a distinção em relação ao quanto uma determinada amostra vale dentro de outros dados analisados. É uma pesquisa que considera as estatísticas expressas em quantidades. Qualitativo é a definição, a ficha técnica mostrada sobre algum objeto. Determina a natureza dos elementos contidos em uma mistura ou dos que formam um composto. Nessa lição passei a me questionar entre o ‘quanti’ e o ‘quali’ contidos nas especificações do indivíduo enquanto ser humano e em suas necessidades do ter.
Não é de hoje que falamos na diferença do ter-e-ser e me parece que essa discussão nunca vai cair no desuso por causa da crescente brecha que se observa entre um e outro. Estamos inseridos em um contexto social conectado com o ter que é muito diferente do ser, verbos tão semelhantes que carregam, cada um na sua colocação, significados extremos. Eu ter dinheiro não significa eu ser feliz. Eu ser velha não significa ter muita idade. A soma não está na quantidade, mas na qualidade, tanto que 1 + 1 pode ser muito mais que 2.

“Somos uma sociedade de gente visivelmente infeliz: sós, ansiosos, deprimidos, destrutivos, dependentes – gente que se alegra quando matou o tempo que tão desesperadamente tentamos poupar”.
Erich Fromm

Guardamos, muitas vezes calados, perguntas e inquietações, e uma delas, suponho ser das mais angustiantes, é encontrar o equilíbrio entre o ser e o ter, no meio do tanto ter e do pouco ser. Primeiro eu preciso ser adulto, ter um bom emprego, ser reconhecido pelo meu trabalho, ter um bom salário para só depois ser feliz.
As pessoas que menos têm, às vezes são as que mais podem dar. É um paradoxo explicado pela falta da falta de ser ou ter determinada coisa. Certa vez o Arnaldo Jabor disse que o dinheiro compra olhos azuis, corpos ideais e as mulheres ou os homens dos nossos sonhos, mas no momento em que tudo isso falhar, o mesmo dinheiro vai somente poder pagar a terapia.
Somos o que acreditamos e para finalizar o ser e ter clichê, digo-lhes que todos os dias eu tento me convencer de que eu posso ser nada mesmo se eu tiver tudo. Compreendi, na verdade, que eu não sou o que tenho na vida, mas quem eu tenho na vida e é isso que faz a grandeza do meu ser.
O que você é pelo o que você tem?

*Leide Franco
Comunicadora com pretensões literárias; 
Um pouco de filosofia e reflexões cotidianas; 
Um muito de MPB
E quase nada do que ainda quero ser. 
Escreve todas as segundas-feiras crônicas.

4 comentários:

  • Perfeito. A análise mergulha no fundo da questão. Como constatamos nos dias de hoje, pessoas que se esforçam não para ser ou ter, mas para parecer ter. Preocupam-se mais com as aparências, com o que os outros vão pensar ou dizer, em causar impressões muitas vezes sem a
    menor sustenção. Acredito na linha que precisa TER a certeza que o SER é muito melhor, muito mais consistente e duradouro.
    Parabéns Leide Franco por colocar através das letras o que nós precisamos colocar em prática. E acrescentaria uma frase que já li: "Felizes não são os que tem mais, mas os que precisam de menos para viver".
    Carlos Cabral

  • Voltando nessa grandeza do ser, deparei-me com esse comentário. Pena que o anônimo tenha se postado assim, porém agradeço a participação tão enriquecedora, só soma!

    Que sejamos [melhores] sempre mais!

  • Oi, Lara! Juro que já procurei bastante a crônica na qual possivelmente esteja essa frase, mas não encontro. Como muita coisa é atribuída a ele, pode ser que a frase nem seja dele.

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