CALANGOTANGO não é um blog do mundo virtual. Não é uma opinião, uma personalidade ou uma pessoa. É a diversidade de idéias e mãos que se juntam para fazer cidadania com seriedade e alegria.

Sávio Ximenes Hackradt

22.12.10

Sanderson Negreiros - Nasceu em Ceará-Mirim no ano de 1939. É Jornalista. Publicou entre outros livros "FÁBULA FÁBULA" (1961), "LANCES EXATOS" (1966).

O RIO

O rio elabora o vazio do tempo.

E em si cansaço mas entrega-se

Aos rumos, lento e profundo.

Ao saber-se fonte única, sem

Começo nem fim, trabalha suas

Auroras no sigilo da noite, e

Passa, aceso pelo vento.

Entre canavial e catástrofes

sucessivas, flui, torrente remota

E hesitante, Ventos imaturos

Confinam-lhe a paisagem e

Trazem legendas de sol, morrendo

Nas tardes do vale. E por essas

Tardes, o rio prossegue, na tortura

De ser breve e inteiro, na

Claridade onde dormem canções.

do livro FÁBULA FÁBULA

-----------------------------------------------------------------------------------------------

A ÁRVORE

A árvore tem a palavra

Tranquila. Só foi dada

A pássaros. Por isso, flutua

Com jeito recolhido.

Quem garante a permanência

Da árvore? as aves?

As aves são de precária

Matéria: não se renovam.

Aos pássaros não foi dada

A constância do arco

Entre a árvore e o chão.

A brisa? Às vezes, a brisa

Medita, sábia, sobre as frondes.

Mas nunca atinge a duração

Da árvore. Quem acusará

A morte dessa faina repetida?

E sua doçura de verdes

Ocasionais? A árvore tem

Verões de mármore. Quem sentirá

Sua fadiga de pouso?

do livro OS LANCES EXATOS

0 comentários:

Postar um comentário


Estação Música Total

Últimas do Twitter



Receba nossas atualizações em seu email



Arquivo