7.11.11
“Coisas
da vida” - Leide Franco*
Impiedoso,
inevitável, assim o alarme dispara de dentro do despertador nas inadequadas
seis horas cedo da manhã quente. Ele desperta como quem grita soltando uma dor
de tempo em tempo. Ele hora. Imperdoável.
Um
salto alto da cama para o mundo. Inadiável dia. De certos só os rabiscos na
agenda para uma jornada diária que sucede outra. Rastejante, pesada como segunda-feira
que engole um dia todo de domingo. Compromissos tão iguais. É o mesmo dia
dentro de outro, mais um dentro de outros, semana, mês, outro ano, primavera,
logo verão.
Uma,
duas, voadas horas. O tempo que passa como rajada de vento em dia frio. Encolhe-se
como se fosse de medo, pavor do que pode chegar. Pode, deve, quiçá é certo
aportar. Não há fugas. Difícil escapar.
Metade
do dia se esvai. É tarde da tarde que espera à noite apagar. Parte da agenda
rasgada, cumprida. Continua. Insiste. Segue. Vai. O tic-tac bate
incessantemente. Quatorze, quinze, dezesseis várias horas correndo em círculo
curto, apressado. Incontroláveis ponteiros. No amplexo do tempo, o desconexo
sente mente.
Breu.
Lua. Noite. Passou. Volta. Não. O feito irreversível, a palavra muda calou no
sempre, sucumbiu dentro do silêncio que em todo escurecer do dia cola os lábios
emudecidos pelo não dito. Falta. Sobra. Sem excesso. Equilíbrio.
Segundos
carregando as horas. Madrugada. Vinte e quatro calmas horas. Outro número, dos
sete da semana, um do mês de trinta. Percurso que segue o caminho do incerto
confirmado nas páginas pautadas lembrando a reunião às treze horas antes do
segundo turno do trabalho. Mais uma chance. Vida nossa indulgente. Mais um dia,
mais um ponto, outra vírgula.
*Leide
Franco
Comunicadora
com pretensões literárias;
Um
pouco de filosofia e reflexões cotidianas;
Um
muito de MPB
E
quase nada do que ainda quero ser.
Escreve
todas as segundas-feiras.
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