4.1.13
Postado por
Sávio Hackradt
Ansiei por muito tempo, a
publicação desse livro "ASAS SOBRE NATAL", do escritor João Alves de
Mello, narrando a passagem de pilotos por esta cidade e Parnamirim, em
particular sobre Antoine de Saint Exupéry. Infelizmente, nele não enxerguei a
afirmativa sobre a estada em Natal do extraordinário escritor..
Carlos Roberto de Miranda Gomes,
advogado e escritor
As fotografias apresentadas à
página 168 do livro possuem nominata dos personagens, uma delas reproduzida na
última página (450) apontando Exupéry como o de nº 2, parecendo-me, não
necessariamente ter sido feita pelo autor da obra. Aliás, nessas anotações
consta a mesma pessoa com nomes diferentes: "Emont" (rádio) e
"Ezan" (rádio), que na última página corresponde ao de numeração
3.
Tal fato, no entanto, não diminui
a qualidade da obra, rica em detalhes e trazendo, em relação a Exupéry um texto
do jornalista francês e historiador da história da Latecoere Jean-Gerard
Fleury, contemporâneo do piloto-escritor do Pequeno Príncipe, onde é enfático:
..."Todos os seus companheiros fizeram muitos voos sobre o Brasil. Mas ele
só transitou por aqui rapidamente. Conhecia bem o Rio e Natal, porém,
mas (sic) como passageiro de navios. Como os monoplanos Laté dificilmente
poderiam vencer uma longa travessia, como a do Atlântico, navios tipo
destróieres, faziam a viagem, em tempo record entre Dakar/Natal, onde os sacos
de correspondências eram colocados nos aviões que partiam rumo ao sul."...
Aliás, ele faz um comentário que
coincide com os mesmos argumentos que usei durante um debate em evento
realizado no Museu Câmara Cascudo, com o Cel. Hippólyto da Costa, numa mesa em
que estavam também presentes o jornalista Vicente Serejo e o escritor Pery
Lamartine, onde contraditei o pensamento daquele ilustre militar da reserva,
quando afirmou da impossibilidade de Exupéry ter vindo a Natal porque o seu
avião não possuía estabilidade para o tráfego entre Buenos Aires e Natal
e eu ponderei – “a vinda daquele famoso piloto a Natal, em viagem certamente
de fiscalização da linha, não necessariamente teria de acontecer pelo ar, pois
ele costumava viajar de navio, como foi desde a primeira vez em que veio para a
América do Sul”! Mas o assunto permaneceu sem uma conclusão dos participantes
daquele evento.
Pesquisei na internet no
site do Instituto Saint Exupéry (www.saintexupery.com.ar) onde há uma coluna
chamada “Les lieux”, com o desenho de um globo terrestre assinalando no mapa do
mundo, em vermelho, os pontos da linha francesa e, no Brasil, está assinalada
Natal, com o seguinte texto:
"Natal – Brésil
Natal est Le point d´Ámérique Du Sul Le plus rapproché de La
côteafricane d´où l´Aéropostale envisageait de farire partir lês avions devant
assurer une laison transatlantique exclusivement aéronautique. C´est donc à
Natal qu´amerrit en 1939 l´hydravion de Jean Mermoz, premier pilote à accomplir
cet exploit. En as qualité de chef de l´Aeroposta Argentina, Antoine de Saint
Exupéry se rend à plusieurs reprises a Natal sans que l´on puísse établir avec
précision lês dates. On raconte qu´on peut encore y voir La Maison ou il aurait
logé lors de sesdifférentes visites. On raconte que l´idée dês baobabs qui
menacent la planète du Petit Prince lui aurait été suggérée par um arbre géant
vu à Natal."
Tradução feita gentilmente pela
Professora Madalena Rosado:
"Natal é o ponto da América do Sul mais próximo da costa africana, onde a Aeropostale visava fazer partir os aviões devendo assegurar uma ligação transatlântica exclusivamente aeronáutica.
É pois em Natal que amerrisa
em 1939 o hidroavião de Jean Mermoz, o primeiro piloto a completar essa
exploração. Na sua qualidade de chefe da Aeroposta Argentina, Antoine de
St. Exupery esteve várias vezes em Natal sem que se possa estabelecer com
precisão as datas. Conta-se que ainda se pode ver lá a casa onde ele
teria se alojado nas diferentes visitas. Conta-se que a ideia dos baobás que
ameaçam o planetas do Pequeno Príncipe. lhe teria sido sugerida por uma árvore
gigante vista em Natal."
Nesse site não existe uma só
fotografia com Saint-Ex usando óculos, nem com o seu corpo com aparência de
sobrepeso, como aparece nas fotografias do livro de João Alves, com uma
estatura não condizente com o que se comentava - ser um homem alto.
Quando escrevi e publiquei o livro
em homenagem ao meu sogro Rocco Rosso, que foi funcionário da Latecoere (Air
France), morando em Parnamirim, apresentei o seu registro, como fotógrafo
amador, de vários acontecimentos que envolviam os pilotos, inclusive
apresentando fotografias de Exupéry, que havia tirado no campo de aviação e de
outros pilotos, que fizeram parte de um álbum enviado para o Concurso
Internacional promovido pela Air France, onde logrou um honroso 2º lugar, com
premiação e o agradecimento da Companhia por ter oferecido subsídios para o acervo
da empresa, consequentemente, não tendo sido desclassificada nenhuma das
fotografias que compunham o seu álbum de concorrência, o que lhes dá
autenticidade.
Além de depoimentos importantes
que transcrevi e opiniões de pessoas respeitáveis, apresentei até um
extraordinário achado de Vicente Serejo - um texto do próprio Exupéry sobre o
desaparecimento de Mermoz, com o título "Depois de 48 horas de
silêncio", que mereceu tradução do jornalista Mário Ivo Cavalcanti, e o
comentário de Serejo ... "Mas, sua descrição do espelho de água e do
terreno cheio de formigueiros também não parece ser apenas por ouvir dizer.
E agora José! Vamos considerar o
assunto encerrado? Exupéry esteve efetivamente em Natal, como defende Luiz
Gonzaga Cortez e Diógenes da Cunha Lima, ou com as frustrantes provas
fotográficas, como afirmam Pery Lamartine e Fred Nicolau, indiciam que ele não
passou por aqui? E o texto traduzido do Instituto Saint Exupéry não tem valor?
No meu entender, as provas pela
sua passagem por Natal são mais consistentes e até lógicas, pois um Diretor da
Air France para a América do Sul não visitar o ponto mais importante do
continente, seria uma irresponsabilidade!
Para mim Saint-Ex esteve em Natal,
mas o assunto não “c´est fini”.
Estação Música Total
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